Pandemia /

Alerta a professores e alunos

Levantamento da Secretaria de Saúde do DF mostra que, dos 223 diagnósticos positivos em escolas, em maio, 95 são de docentes em sala de aula (43%). Pasta recomenda volta do uso obrigatório de máscara em locais fechados

Pedro Marra
postado em 03/06/2022 00:01
 (crédito: Colegio Arvense/Divulga??o)
(crédito: Colegio Arvense/Divulga??o)

Diante da alta de ocorrências diárias de covid-19, no Distrito Federal, com 2,9 mil registrados, ontem, a Secretaria de Saúde (SES) divulgou um levantamento dos casos de 1º a 31 de maio deste ano nas escolas públicas. Obtido com exclusividade pelo Correio, o estudo mostra que 65% dos infectados são mulheres e 34% homens. Entre os 223 diagnósticos positivos do período, 95 são de professores em sala de aula (43%), 64 são estudantes (29%), 19 de profissionais da equipe gestora (9%) e 14 de professores de outra atividade (6%).

Com o cenário de preocupação, a pasta publicou, ontem, um ofício com recomendação para a retomada do uso de máscaras de proteção em locais fechados. No documento, a SES informa que tem 100 leitos de retaguarda. Em sua conta no Twitter, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), manifestou-se. "Para decidir se teremos a obrigatoriedade do uso das máscaras, é necessário avaliar o conjunto de informações: infecção, internação e óbitos. Por enquanto, a medida não é necessária", postou.

Entre os últimos casos registrados, está o do próprio secretário de Saúde do DF, general Manoel Pafiadache. Ele testou positivo, ontem, para o novo coronavírus. O secretário, que com pletou o ciclo vacinal e tomou  a quarta dose de reforço, apresenta sintomas leves da doença. Ele ficará em isolamento domiciliar, conforme orientação médica.

A pasta informou que vivem, no DF, mais de 268 mil crianças entre 5 e 11 anos. Desse total, 170 mil (63%) receberam a primeira aplicação e mais de 101 mil (37%) tomaram a segunda dose da vacina contra a covid-19. Em cima desses números, o infectologista Julival Ribeiro avaliou, ontem, que o DF enfrentava o silêncio das autoridades sanitárias diante do aumento de diagnósticos positivos e subnotificação de casos. Para o especialista, o uso obrigatório de máscara em local público — e não apenas fechado — deveria voltar. "O que mais me preocupa é o São João e o Pentecostes, festas que causam aglomerações", adverte Julival.

Para o epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB) Walter Ramalho, o ideal é reorganizar a estrutura de cuidado contra a disseminação do vírus. Segundo ele, a vacinação é importante, neste momento, devido à perda de imunização das vacinas em torno de cinco meses. "As pessoas de 5 a 11 anos, por exemplo, foram vacinadas, mas não puderam tomar a primeira dose de reforço, enquanto a gente está vendo que a covid-19 não desapareceu", analisa o especialista.

A Secretaria de Saúde abriu 50 leitos de covid-19 no Hospital de Campanha da Polícia Militar (HCPM), sendo 30 de enfermaria e 20 de UTI. Nas unidades públicas, os leitos pediátricos de UTI estavam 100% ocupados até as 16h25 de ontem, com 10 preenchidos, todos no Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Segundo a SES, há um leito do tipo disponível na rede privada. O total é de 136 leitos em hospitais particulares, a maioria para adultos. 

A última vez que o DF registrou mais de 3 mil casos de covid-19 foi em 21 de fevereiro de 2022, quando 4.469 pessoas testaram positivo. Segundo o Boletim Epidemiológico divulgado, ontem, pela SES, em 24 horas, 2.970 pessoas foram confirmadas com o vírus. Assim, a capital federal chegou a 715.938 infectados desde o início da pandemia. Em paralelo ao número de diagnosticados, a taxa de transmissão não tem dado trégua aos brasilienses. De acordo com o documento da pasta, a taxa — apesar da ligeira queda — permanece alta. Ontem, atingiu 1,46, enquanto na quarta-feira, estava em 1,47. Não houve morte registrada

Receio

O diretor do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro) Samuel Fernandes informa que, na segunda-feira, pediu à Secretaria de Educação a retomada de medidas sanitárias contra a covid-19 em escolas públicas. O presidente do Sindicato dos Professores de Escolas Particulares (Sinproep), Trajano Jardim, concorda com o ofício da SES. Ele admite que os professores das escolas privadas têm tido sintomas da doença e medo de demissão ao apresentar um teste positivo. "Eles dizem que estão infectados e pedem atestado quando não tem mais jeito, por estarem muito doentes", conta. Segundo o sindicalista, há escolas com oito professores diagnosticados com o vírus.

Em nota, a Secretaria de Educação afirma que continua com os protocolos e toda a rede de apoio, por meio dos interlocutores centrais, regionais e das unidades escolares. A pasta acrescenta que todas as decisões se baseiam em nota técnica do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública.

A assessoria de imprensa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) diz, em nota, que a Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) avalia que as medidas devem ser tomadas diante do aumento no número de casos. "Essa avaliação diz respeito não só a escolas, mas a todas as situações em que se aplique", traz o texto.

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