A covidnas escolas

Correio Braziliense
postado em 14/06/2022 00:01

É estranho que não se faça um monitoramento mais rigoroso sobre os casos de contaminação das crianças e dos adolescentes pela covid nas escolas ou que, se existe, ele não seja amplamente divulgado. O que há são dados esparsos e desconexos. Na última semana de maio, o Sindicato das Escolas Particulares chegou a manifestar a preocupação com os índices alarmantes de crescimento do contágio em crianças e adolescentes até 17 anos.

Segundo levantamento, ocorreram mais de 1,4 mil registros, quase 1 mil a mais do que na semana anterior. Escolas suspenderam as aulas de algumas turmas. O Distrito Federal registrou 6.074 casos de Covid 19 em crianças entre 5 e 11 anos nos primeiros meses de 2022. Em 2020, foram registrados 5.380 casos. Durante 2021, foram 7.245. Os dados foram divulgados, em fevereiro, durante coletiva de imprensa da Secretaria de Saúde do DF.

Mas não se tem um quadro mais transparente da situação. Sabe-se, pelas reclamações dos pais com dificuldade para obter vagas, que as UTIs pediátricas estão lotadas. A gripe pode ser covid. Afinal, ela é uma gripe com sintomas muito mais perigosos.

Apesar de a covid-19 ser considerada menos grave em crianças e adolescentes, a doença também pode evoluir para formas mais graves e causar morte. Segundo a nota técnica divulgada pela Fiocruz em dezembro de 2021, até o final do ano passado mais de 620 crianças com até 5 anos haviam perdido a vida para a covid-19 no Brasil. Se considerarmos crianças e jovens de até 19 anos, o número sobe para mais de 1.400.

A OMS estabeleceu o limite de 1 para avaliar o grau de contaminação. Ao ultrapassar essa fronteira, acende-se o sinal de alerta. Pois bem, a última informação é de que atingir o limiar de 1,8 de contágio. Signfica que cada 100 pessoas infectadas podem transmitir a doença para mais 180. É um patamar altíssimo, que deveria ensejar políticas de contenção da transmissibilidade nas escolas e fora delas.

Com o arrefecimento da pandemia, as autoridades públicas resolveram simplesmente erradicar a doença por decreto, suspendendo todas as medidas de proteção. Esqueceram de combinar com o vírus. Os cientistas haviam antecipado que a doença faria a festa. Ora, era perfeitamente viável manter as atividades presenciais com o uso das máscaras.

O fato é que a situação virou uma bagunça. Usa máscara quem quer, como se essa não fosse uma doença coletiva, em que cada um afeta o outro. Eu gostaria de ouvir a posição da Sociedade de Pediatras do DF, da Unesco e do Ministério Público, instituições de credibilidade na defesa dos direitos da criança, para me tranquilizar sobre a situação das escolas. As excelências alegam que os efeitos são leves, mas é um perigo deixar que circule um vírus que pode ter mutações imprevisíveis.

Pode ser que e esteja errado, mas acredito que com o grau de 1.8 de transmissão do vírus, a primeira providência deveria ser tornar a máscara obrigatória. É uma medida simples, viável e eficiente. E, por quê, não se vacinam todas as crianças nas próprias escolas?

Depois que peguei covid, estou em campanha para que todas as minhas amigas e todos os meus amigos completem o ciclo vacinal. Acabo de receber a figurinha de um jacaré faceiro e bailante. É de uma amiga que tomou a quarta dose. Se você não tomou todas as doses a que tem direito, vá correndo até um posto e proteja-se.

 

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