Saúde

'O vírus tem driblado o sistema imunológico', diz infectologista

Ao CB.Saúde, infectologista afirma que o coronavírus encontrou formas de adentrar o sistema imunológico, o que motiva o reforço das proteções como a vacina

A infectologista Joana D’arc Gonçalves foi a entrevistada da edição desta quinta-feira (2/6) do CB.Saúde — programa do Correio Braziliense em parceria com a TV Brasília. À jornalista Carmen Souza, a especialista falou do atual crescimento de casos da de covid-19, bem como de outras doenças que circulam no Brasil e no mundo.

A infectologista destacou a possibilidade de reinfecção por covid-19 mesmo com a vacinação. Segundo ela, isso ocorre por causa da queda na titulação de anticorpos. “Lamentavelmente, a vacina não tem a durabilidade que a gente esperava. O vírus tem driblado o sistema imunológico. Além da quebra de anticorpos, novas variantes conseguem escapar também da questão de alguns imunizantes”, afirma.

Joana ressaltou que vírus e bactérias fizeram parte da história, interferindo nas civilizações, como protagonistas centrais, o que justificaria a permanência da covid-19 em meio à sociedade atual. “Existem alguns artigos falando da possibilidade de santuários onde o vírus se esconde e a gente tem visto o caso de pessoas que nunca se recuperaram da covid, apresentando cansaço e incapacidade laboral. A gente tem que ter cuidado com esse vírus. Infelizmente, o nosso tormento ainda não acabou”, lamenta.

Sobre a hepatite misteriosa, registrada recentemente no Reino Unido e que tem acometido crianças, a especialista falou que a doença no fígado seria causada por uma mutação do adenovírus. “É um vírus muito frequente em transmissão respiratória, dentro dos vírus típicos do inverno”, explica. Ainda, de acordo com Joana D’arc, há a possibilidade de casos mais graves em um cenário de co-infecção com a covid-19.

A recente varíola dos macacos mostra mais estabilidade pelo apurado conhecimento científico do vírus causador. No entanto, há a preocupação com as mutações. “A novidade é a possibilidade de transmissão sexual, diagnosticada na Europa. Sempre há a possibilidade de uma mutação. O zika vírus, quando chegou no Brasil, produziu microcefalia, com uma epidemia que ninguém tinha visto no mundo. Aqui, temos alguns casos investigados em que precisamos de mais estudos para evidenciar as formas reais de transmissão desse vírus”, declara a infectologista.

Para a especialista, o mayarovírus é motivo de preocupação no Distrito Federal por causa da falta de conhecimento sobre essa enfermidade, transmitida pelo Aedes aegypti. “Sabemos das doenças diagnosticadas na Europa e nos Estados Unidos porque eles têm tecnologia de biologia molecular e laboratorial que a gente não tem. O que se sabe é que é semelhante ao vírus da febre chikungunya, que traz transtornos de saúde, incapacitando as pessoas em período prolongado”, relata.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

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