Três perguntas para…

Alexandre Sampaio, presidente da FBHA

O aumento de casos

de covid-19 pode impactar

o setor turístico?

A FBHA não acredita que o aumento de casos impacte a recuperação do turismo. É claro que algumas cidades estão retomando precauções, como o uso de máscaras em ambientes fechados e reiterando a proteção em transportes públicos. Acho que isso denota que o governo deve implementar medidas sanitárias, e devemos incentivar que as pessoas tomem as doses completas e respeitem as proteções adicionais programadas no Plano Nacional de Imunização. As pessoas estão ávidas por viajar, portanto, vão priorizar os estabelecimentos que adotem proteções para evitar a contaminação. Acredito que as medidas de implementação são suficientes. As pessoas vão se imunizar, porque querem viajar, e é importante incentivarmos isso.

De que forma as restrições afetaram o segmento de hospedagem e alimentação fora do lar?

Por ter mexido em toda a estrutura social e trabalhista, a pandemia readequou a rotina de milhares de brasileiros. O registro do desemprego e da falência de empreendimentos disparou em diferentes setores. No meio turístico, não poderia ser diferente. O segmento é considerado um dos mais afetados pela pandemia. O fechamento desses estabelecimentos foi uma violência contra o setor. Apesar da taxa de contaminação na época ter sido alarmante e crescente, os restaurantes e bares foram os primeiros empreendimentos a adotar medidas rígidas para voltar a funcionar, de forma segura, durante a pandemia. Esses espaços prezaram pela saúde de clientes e funcionários e, portanto, não foi justo serem culpabilizados pela situação que passamos. Foram mais de 50 mil eventos cancelados, cerca de 85% das viagens anuladas, centenas de remarcações e reembolsos de atividades nos setores de turismo e inúmeros ingressos e reservas em meios de hospedagens cancelados, acumulando prejuízo de R$ 515 bilhões desde o início da pandemia. A área de turismo, assim como eventos e alimentação fora do lar, precisaram lutar para sobreviver.

Como o senhor avalia

o futuro do turismo?

Com as flexibilizações no Brasil, ainda me pergunto quando a pandemia vai acabar ou se isso pode vir a acontecer um dia, mas as respostas variam, mesmo entre a comunidade científica, pois não existe definição para o fim. Mas posso dizer que sobrevivemos e buscamos nos reinventar com o delivery; respeitando a limitação de mesas e vagas; e seguramos os preços no primeiro momento da retomada. Foi uma fase de adaptação. Recentemente, dados da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp), mostraram que o setor de turismo alcançou um faturamento de R$ 869 milhões em março, 2% inferior ao registrado no mesmo mês de 2019 (R$ 890 milhões). Fato é que os números já se assemelham aos níveis pré-pandemia, estamos mais próximos de superar a crise.