Nesta eleição, o DF terá, pela primeira vez, uma candidata assumidamente gay ao governo. A assistente social Keka Bagno, do PSol, é casada há três anos com Mariana Ferreira e vai defender a bandeira LGBT na campanha, assim como outras pautas relacionadas à diversidade. Ela também será a primeira candidata negra na corrida ao Palácio do Buriti. A contar pela adesão à parada LGBTQIA do último domingo em Brasília, o eleitorado é forte. Mais de 100 mil pessoas foram à Esplanada para defender a liberdade de escolhas no amor. Keka diz que tem um relacionamento feliz, apoiado pelas duas famílias, e Mariana é, também, uma colaboradora em seu trabalho político. "Somos um casal como qualquer outro heterossexual. Somos uma dupla, uma família. Importante mostrar nosso exemplo para ajudar a vencer o preconceito que muitos enfrentam", disse Keka à coluna. A parada reuniu gays e simpatizantes da causa LGBT. Entre os pré-candidatos ao governo, Rafael Parente (PSB) e Leandro Grass (PDT) subiram no carro de som.
Abrindo os caminhos
Keka é uma aliada do deputado distrital Fábio Felix, também do PSol, primeiro político a chegar à Câmara Legislativa com o olhar da defesa da causa LGBT. Félix é casado com Leonardo Domiciano. Por mais que o relacionamento entre dois homens ou duas mulheres seja visto com naturalidade hoje, nem todos os candidatos gays abrem a intimidade. O assunto, no entanto, não é mais tabu na política. Para fugir de especulações, por exemplo, o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) deu uma entrevista ao jornalista Pedro Bial, no ano passado, em que revelou seu relacionamento com um homem. Foi às vésperas da campanha para as prévias do PSDB. O deputado federal e professor Israel Batista (PSB-DF) também contou, em entrevista ao Correio em outubro passado, sua orientação sexual.
PT-DF vai manter candidatura
de Agnelo
O PT vai manter a pré-candidatura do ex-governador Agnelo Queiroz à Câmara dos Deputados. O petista enfrentará uma batalha jurídica, mas está disposto e tem o apoio do partido para concorrer. O problema, como a coluna mostrou domingo, é que o STF, em julgamento virtual, manteve uma súmula do TSE segundo a qual uma pessoa inelegível em decorrência das eleições de 2014 só estará apta a disputar novamente a partir de 5 de outubro de 2022. Como o pleito deste ano ocorre em 2 de outubro, o político estará fora das eleições. "Essa interpretação é absolutamente inconstitucional por violar o princípio da isonomia e por afronta o princípio da razoabilidade", afirma o vice-presidente do PT-DF, Wilmar Lacerda. "Ao preponderar o atual entendimento da Corte Eleitoral, essa pessoa, na prática, ficará inelegível por 12 anos e não por oito, como manda a lei, o que é absolutamente injusto", acrescenta.
Descontentamento na campanha
de Lula no DF
Há um descontentamento na federação composta pelo PT, PV e PCdoB com a coordenação da campanha de Lula em Brasília, nas mãos do ex-deputado Geraldo Magela. Além das disputas internas no PT-DF, a avaliação é de que ele faz tudo para reduzir a importância de Leandro Grass e de Rosilene Corrêa, pré-candidatos, respectivamente, ao governo e ao Senado. Segundo integrantes da federação, Magela levanta a bola de Rafael Parente (PSB), Keka (PSol) e Pedro Ivo (Rede), que também vão apoiar Lula no DF. Há uma preocupação sobre como será o ato de 12 de outubro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, quando Lula estará em Brasília.
À Queima Roupa
Delegado Rafael Sampaio
ex-presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Distrito Federal (Sindepo) e pré-candidato a deputado federal pelo PL
"O principal, que é a recomposição salarial, não ocorreu. A proposta que não avançou agora, por exemplo, é inferior ao prometido para 2019, mesmo diante da alta da inflação"
Acabou o prazo para a recomposição das forças de segurança. Por que o presidente Jair Bolsonaro não enviou o reajuste
para o Congresso?
A informação é de que não haveria clima político para dar reajuste apenas para as forças do DF, especialmente considerando as reivindicações dos servidores federais.
Os recursos para o reajuste são do DF, apesar de saírem do Fundo Constitucional do Distrito Federal. Por que a recomposição não saiu?
Os recursos não são do DF, são da União. É a União que organiza e mantém as forças policiais do DF. Por isso, a legislação que concede reajuste para os servidores policiais do DF é federal, de iniciativa do presidente da República. Isso nos coloca nesse cenário caótico de necessitar o encaminhamento do GDF de mensagem à União e o aval do governo federal para termos uma recomposição salarial.
Qual é o sentimento entre policiais civis?
De muita injustiça. Ficamos frustrados, pois negociamos com o Governo do DF, que, em tese, é nosso patrão, mas ficamos sempre dependendo do aval da União — que, em duas ocasiões, interveio negativamente no negociado com o GDF, sob o argumento de que não haveria reajuste para as forças federais e de que não poderia dar reajuste só para os policiais do DF. A primeira (negociação) foi em 2011, no governo Agnelo, quando negociamos 13%, e a presidente Dilma vetou nosso reajuste; a segunda (foi) agora. De outro lado, o que nos indigna é que, quando a União reajusta os policiais federais, não tem a mesma preocupação com o reajuste dos policiais do DF. Assim, em 2016, deu um gordo reajuste para os policiais federais, de 37% — que não tivemos —, sob o argumento de "autonomia do DF". Neste ano, a União negociou, no âmbito do Ministério da Justiça e Segurança Pública, uma reestruturação das forças policiais federais sem qualquer participação das forças do DF — que, se aprovada, não nos aproveitaria —, mas rejeitou nossa recomposição porque não seria concedido reajuste para os servidores federais, e isso geraria desgaste político. Ou seja, o paradigma é somente em nosso desfavor.
Ibaneis concedeu alguns benefícios para as forças de segurança. Acha que a Polícia Civil foi bem tratada no governo de Ibaneis?
Acho que houve avanços e boa vontade em alguns pontos. Mas, no fim das contas, a valorização pessoal está bem distante da prometida e esperada. Foi concedido um plano de saúde que, apesar de não ser o pleiteado, foi positivo. Houve um avanço, também, do auxílio-alimentação e a criação de um auxílio-uniforme. O governo coloca o (serviço) voluntário (gratificado) como um benefício, mas é uma ação de interesse do Estado, pois, sem ela, as delegacias estariam fechadas por falta de servidor. Além disso, o valor do voluntário é um absurdo, bem abaixo do valor da hora de trabalho do servidor. De outro lado, não tivemos as contratações esperadas, e os concursos se arrastam, sendo a previsão de nomeação dos concursos de 2019 para 2024. Por fim, o principal, que é a recomposição salarial, não ocorreu. A proposta que não avançou agora, por exemplo, é inferior ao prometido para 2019, mesmo diante da alta da inflação.
Acha que a deputada Flavia Arruda será candidata ao Senado ao lado de Ibaneis?
Parece estar ajustado isso. Mas fala-se que, na política, é como nas nuvens: as coisas mudam de lugar a todo instante.
E Arruda? Acredita que ele será candidato? A qual cargo?
Acredito que sim. O direito (à candidatura) é muito bom. (Essa) não é uma causa pessoal e tem repercussão geral, alcançando muitas pessoas no Brasil. O cargo é ele quem tem de decidir, junto da Flávia.
Se ele for candidato à Câmara, ajudará a eleger uma bancada forte do PL?
Sem dúvida. Há 20 anos, ele teve mais de 300 mil votos. Acho que, hoje, isso seria potencializado. Seria muito bom para o partido. Uuma votação assim poderia nos levar a compor
metade da bancada.
As forças de segurança vão votar
em Bolsonaro?
No geral, creio que sim. Mas, na Polícia Civil, há muita insatisfação pela não concessão do reajuste.
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