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Tecnologias nas mãos do crime

A Polícia Civil do DF realizou duas operações, ontem, contra criminosos que utilizam redes sociais para praticar estelionato no ambiente virtual. Uma família do Lago Norte perdeu mais de R$ 30 mil em golpe pelo WhatsApp

Júlia Eleutério
postado em 06/07/2022 00:01
 (crédito: PCDF/Divulgação)
(crédito: PCDF/Divulgação)

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) realizou, ontem, duas operações de combate a criminosos que usam a internet para tirar dinheiro das vítimas, por meio de redes sociais e pelo PIX. Em um dos casos, uma família do Lago Norte teve um prejuízo de R$ 32,5 mil. Em outro, o suspeito aplicava o golpe conhecido como PIX premiado, em que o estelionatário convence a pessoa a transferir um determinado valor com promessas de recebimentos de até 10 vezes mais do que o investido em poucos minutos.

A 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) cumpriu oito mandados de busca e apreensão em Cuiabá (MT), Araçatuba (SP), Glicério (SP) e Coroados (SP) contra o grupo acusado de subtrair mais de R$ 30 mil de uma família com o golpe do WhatsApp. A ação contou com o apoio das polícias civis do Mato Grosso e de São Paulo. A delegacia responsável pelas investigações cumpriu três ordens de sequestro de valores em contas bancárias em nome dos responsáveis pelo recebimento do dinheiro desviados e apreendeu mais de 15 cartões dos suspeitos.

Segundo as investigações, os criminosos fizeram contato com um parente da vítima, usando um número de celular novo com a foto dela. Então, os estelionatários pedem que sejam inseridos nos grupos da família no WhatsApp, e, ao se infiltrarem, obtinham informações para dar credibilidade à história. Com isso, passou a solicitar empréstimos em mensagens privadas. No caso da família do Lago Norte, a irmã enviou R$ 20 mil, a mãe transferiu R$ 2,5 mil, e o pai, mais R$ 10 mil. Quando a vítima percebeu que alguém se passava por ela, os valores já haviam sido desviados.

Delegado da 9ª DP, Erick Sallum destaca que, apesar das facilidades de comunicação e de transações bancárias promovidas pela tecnologia, é necessário se valer de velhos hábitos. "As pessoas precisam ter calma quando receberem solicitações de dinheiro. Faça da maneira antiga: converse pessoalmente, ligue e escute a voz do solicitante, verifique antes de fazer transferências. Não se deixe conduzir pela pressa do criminoso. Não há nada que não possa esperar um pouco, ainda mais quando se trata de emprestar dinheiro", recomenda o delegado.

Para dificultar as investigações, o grupo praticou cada fase do golpe em diferentes cidades e estados do país. No entanto, a apuração policial conseguiu comprovar que as mensagens tiveram origem na casa de um dos investigados na cidade de Cuiabá (MT). As contas usadas para receber os depósitos eram de moradores do interior de São Paulo. Após o valor ser transferido para as contas de laranjas, o dinheiro era repassado para os chefes do esquema. Todos os identificados foram indiciados por associação criminosa, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem ultrapassar 20 anos de reclusão.

PIX premiado

Alvo de um mandado de busca e apreensão pela operação PIX Premiado, um jovem de 22 anos, morador da Cidade Ocidental (GO), é suspeito de envolvimento com golpes utilizando a ferramenta bancária. Agentes da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) foram à residência do homem que confirmou aos policiais que pratica o esquema há quatro anos. Ele tem passagens por crimes de extorsão, extorsão mediante sequestro, receptação, porte de arma de uso permitido, posse de drogas para uso próprio e estelionato.

Chamado também de "Rei do PIX", o golpe é divulgado nas redes sociais. Acreditando em ganhos rápidos, a vítima é cooptada pelo criminoso que garante retornos altíssimos por pequenas transferências de valores feitas por meio de PIX. De acordo com a polícia, alguns golpistas são mais discretos e pedem que os interessados entrem em contato pelo WhatsApp. Outros exibem diretamente nas redes sociais os montantes e contas para as quais a transferência deve ser realizada, além de divulgar fotos para comprovar os lucros e a satisfação dos "clientes".

"Em outras ocasiões, os indivíduos, de posse de alguma rede social, publicam a tabela no perfil de conhecidos e dá a garantia a essa pessoa: 'olha, eu sou seu amigo e, se esse valor não voltar, pode cobrar'. Lembrando que essa conta foi hackeada anteriormente", explica o delegado Dário Freitas. As investigações vão avançar para identificar outros suspeitos. Não foram divulgados nem o número de vítimas nem o prejuízo causado.

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