Saúde

Primeiro caso de raiva humana após 44 anos

Renata Nagashima
postado em 06/07/2022 00:01
 (crédito: Fiocruz/reprodução)
(crédito: Fiocruz/reprodução)

Após 44 anos sem nenhum caso de raiva humana no Distrito Federal, um adolescente na faixa etária de 15 a 19 anos contraiu a doença e está internado em estado grave em uma unidade de terapia intensiva (UTI) desde 20 de junho. O caso foi confirmado pela Secretaria de Saúde do DF ontem, mas a pasta não divulgou o nome do hospital. O jovem foi ferido por um gato em 21 de maio e logo começou a manifestar os primeiros sintomas — febre baixa, dor muscular, dor nos olhos e nas articulações.

A raiva é uma zoonose — doença que passa dos animais ao homem e vice-versa —, causada por um vírus que ataca o sistema nervoso central, com rápida evolução. A taxa de mortalidade é de 99,9%, de acordo com a Secretaria de Saúde e o Ministério da Saúde. A transmissão da raiva acontece quando a saliva do animal infectado entra no organismo pela pele ou pelas mucosas, por meio de mordidas, arranhões ou lambidas.

Até o momento, foram identificadas 13 pessoas que tiveram contato com o animal que passou a doença para o adolescente. Todos foram contatados e iniciaram o processo de profilaxia — medidas preventivas —, segundo a Secretaria de Saúde. "Não se tem conhecimento de onde o animal está e não se pode afirmar que ele morreu. Na investigação, foi possível colher a informação que houve uma briga de gatos, essa gata de dois meses, em média, desapareceu. Um animal com sintomatologia nervosa, morre em menos de 10 dias", explica Lauricio Monteiro da Cruz, diretor de vigilância ambiental e saúde.

O professor de medicina veterinária do Ceub Lucas Edel Donato avalia que a gata não oferece mais o perigo de transmitir a doença. "Pelo tempo que se tem da agressão, ele já morreu e, com isso, o vírus morre também", detalha. No entanto, é preciso investigar o histórico do animal, uma vez que é hábito dos felinos se lamberem, e uma das formas de transmissão da raiva é pela saliva do animal.

Apesar da gravidade do caso, o diretor de vigilância epidemiológica da SES-DF, Fabiano Martins, afirmou que a população está assegurada pela saúde pública e pelo imunizante. "É uma doença imunoprevenível se buscar atendimento médico e tomar a vacina necessária. Existe vacina para proteger contra essa doença. Não precisa criar pânico", destaca Fabiano Martins.

A Secretaria de Saúde decidiu antecipar e intensificar a campanha de vacinação antirrábica no DF a partir de hoje. Os pontos fixos estão disponíveis no site da pasta. A vacinação de cães e gatos é ofertada durante o ano todo, nos postos localizados nas Inspetorias de Saúde de Brazlândia, Gama, Ceilândia, Planaltina, Recanto das Emas, Paranoá, São Sebastião e na Diretoria de Vigilância Ambiental (Dival/ zoonoses).

Sintomas

Nos humanos, os sintomas são transformação de caráter, inquietação, perturbação do sono, surgem alterações na sensibilidade, queimação, formigamento e dor no local da infecção, essas manifestações duram de dois a quatro dias. Posteriormente, instala-se um quadro de alucinações, acompanhado de febre, indicando o período mais agudo da raiva, que persiste até 10 dias, em que o paciente apresenta medo de correntes de ar e de água, culminando em crises convulsivas periódicas.

Em animais, há dificuldade para engolir, salivação abundante, mudança de comportamento e de hábitos alimentares e paralisia das patas traseiras. Nos cães, o latido torna-se diferente do normal, parecendo um "uivo rouco", e os morcegos, com a mudança de hábito, podem ser encontrados durante o dia, em hora e locais não habituais. De acordo com a SES-DF, o último caso diagnosticado de raiva em cães foi em 2000 e, em gatos, no ano de 2001.

 

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