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Estudantes cobram mais segurança

Protesto dos coletivos feministas de centros acadêmicos da Universidade de Brasília reuniu cerca de 300 alunos e professores. Manifestantes apresentaram ofício com medidas para evitar ameaças às mulheres

Pedro Marra Pablo Giovanni*
postado em 12/07/2022 00:01
 (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Dois episódios que ganharam repercussão nos últimos 30 dias levaram cerca de 300 estudantes e professores a promover um protesto no Instituto Central de Ciências (ICC) da Universidade de Brasília (UnB), ontem. No primeiro, em 7 de junho, um homem registrou imagens de uma aluna que usava um dos banheiros da instituição de ensino; no segundo, na noite de sexta-feira, uma jovem foi estuprada após sair do Restaurante Universitário. Depois da manifestação, os participantes entregaram um ofício à Reitoria, com reivindicações de melhorias na segurança. 

Com gritos de "não aguentamos mais" e cartazes com frases como "respeite a minha existência", os manifestantes saíram em defesa dos direitos das mulheres. Líder estudantil do Coletivo Juntas, a aluna do sétimo semestre de serviço social Isadora de Oliveira, 21 anos, elencou algumas das exigências dos universitários: iluminação nos campi, participação dos estudantes no Conselho de Ética da UnB, técnicos capacitados para lidar com esses tipos de casos e protocolos mais rígidos para ocorrências de assédio. "É muito importante para os alunos se mobilizarem, porque (esse ato) diz respeito a um caso terrível", destacou.

Por volta das 13h, o grupo de manifestantes cobrou a presença da reitora da UnB, Márcia Abrahão, em frente ao prédio onde fica a gestora. Cerca de 10 minutos depois, um funcionário apareceu para dialogar com o grupo e avisou que ela está em viagem, mas analisará a proposta. Pelas mídias sociais, Márcia lamentou o ocorrido, que considerou "inaceitável", e se comprometeu a adotar algumas das medidas sugeridas no ofício. "Todos nós queremos e merecemos uma cidade e uma universidade seguras. Conte comigo", reforçou.

Estudante do quarto semestre de agronomia, Stefanie Miranda, 20, conta que a universidade peca na questão do monitoramento do câmpus em todos os horários do dia, mas, em especial, no turno da noite. "Estamos indo para estudar, e não ter segurança nem para ir ao banheiro é muito triste. Tem locais na UnB em que o mato está muito alto. Há uma viatura da PM (Polícia Militar) que passa de vez em nunca, e fica por isso mesmo. A qualquer momento, podemos ser vítimas da violência como essas alunas foram", criticou.

A UnB informou que vai instalar 16 totens com botões de emergência em diferentes áreas da universidade, como na Biblioteca Central e na Faculdade de Educação. Além disso, um Comitê Permanente de Segurança surgiu em 2018 para discutir políticas desse tipo na universidade. "(Também) temos um sistema de videomonitoramento com mais de 500 câmeras e mapeamos locais sensíveis, como as vias de acessos à UnB e as paradas de ônibus, que são pontos de alta vulnerabilidade, pois as pessoas nesses locais são alvos estáticos e facilmente atingíveis", destacou a instituição de ensino, em nota. À reportagem, a Polícia Militar do Distrito Federal antecipou que vai intensificar o patrulhamento na região.

*Estagiário sob a supervisão
de Jéssica Eufrásio

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