A senadora e pré-candidata Leila Barros (PDT) confirmou, ontem, em entrevista ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília — que manterá a candidatura ao governo do Distrito Federal até o fim, mesmo se não houver alianças para formar a chapa. A parlamentar, que ocupa o mandato de senadora há três anos e meio, comentou que o partido chegou a sugerir a possibilidade de ela ser vice da chapa de Ciro Gomes, candidato à Presidência da República, mas que o objetivo sempre foi a cadeira do Palácio do Buriti.
Entrevistada pela jornalista Ana Maria Campos, a parlamentar disse que o Partido Democrático Trabalhista (PDT) trabalha para fechar alianças no âmbito nacional e no Distrito Federal, e que conversas com todos os campos estão sendo realizadas para fechar possíveis acordos. Apesar do tempo curto para tratativas, a pré-candidata afirmou que manterá a candidatura, mesmo se for necessário a formação de uma chapa pura.
"Estou extremamente motivada, tenho o apoio do (Carlos) Lupi — presidente do partido — e de Ciro Gomes, que é o nosso candidato à Presidência. Ontem (quarta-feira) tivemos a convenção e foi uma festa muito bonita para a confirmação da candidatura dele. Estou motivada, sou pré-candidata (ao Palácio do Buriti) e irei até o final. O meu objetivo é esse e, em 31 de julho (data da convenção no DF), ser oficialmente candidata ao governo do Distrito Federal", destacou.
Em pesquisa realizada pelo Instituto Quaest, contratada pelos Diários Associados — considerando o cenário sem Arruda (PL) —, a senadora aparece na terceira posição, em empate técnico com José Antônio Reguffe (União Brasil). Leila Barros previu que personagens fortes da política brasiliense farão acordos até os 45 minutos do segundo tempo, para consolidar chapas e se manterem vivos na disputa a cadeira do Palácio do Buriti. No caso dela, caso não haja acordos com outras siglas para a formação de uma aliança, a solução será uma chapa pura, e o nome do ex-deputado distrital Joe Valle (PDT) desponta como forte opção.
Senadora, o seu nome aparece como candidata ao governo do DF. A candidatura vai até o fim? Ou existem conversas com outros partidos que podem mudar esse projeto?
As próprias pesquisas estão sinalizadas (a minha candidatura). Estou extremamente motivada, tenho o apoio do (Carlos) Lupi — presidente do partido — e de Ciro Gomes, que é o nosso candidato à Presidência da República. Ontem (quarta-feira) tivemos a convenção e foi uma festa muito bonita para a confirmação da candidatura dele. Estou motivada, sou pré-candidata (ao Palácio do Buriti) e irei até o final.
Ontem, como você mencionou, foi o lançamento da candidatura de Ciro. Muitas pessoas falavam que pela sua projeção e perfil, você poderia ser vice da chapa dele. Existe essa possibilidade ainda?
Foi ventilado em alguns grupos dentro do PDT, e gostaria de ter a oportunidade de falar que me sinto honrada pelo nome ter sido pelo menos ventilado lá dentro, mas sempre deixei muito claro para o Lupi e ao Ciro, e toda militância do PDT, que o meu compromisso é por Brasília. Tenho sonhos e objetivos, sou senadora pela cidade e irei manter a minha candidatura até o final. O meu objetivo é esse e, em 31 de julho, ser oficialmente candidata ao governo do Distrito Federal.
É possível ainda construir aliança com outras legendas?
Estou há pouco tempo na política, mas entendi que tudo é possível até os 45 minutos do segundo tempo, ainda mais com a prorrogação. Temos pelo menos 10 a 15 dias para resolvermos essa situação, porque estamos conversando. Ciro, a nível nacional, também está dialogando com os demais partidos. Aqui no DF, temos diálogo com Reguffe (União Brasil); conversei com Paula (Belmonte) (Cidadania); o próprio Izalci (Lucas) (PSDB); tenho uma ótima relação com a federação, encabeçada pelo Leandro (Grass) (PV); e com o Rafael Parente (PSB) também. Tenho uma ótima relação com todos os partidos da cidade, tanto de centro-esquerda, quanto centro-direita. Eu tenho certeza que até o final desses prazos o PDT vai conseguir construir uma chapa que vai ser interessante para o DF.
E o senador Reguffe? Sei que vocês possuem uma boa relação, e conversavam muito e, inclusive, tinha a disposição de caminharem juntos nas eleições. Porém, pelo que vimos, é que cada um seguiu um caminho diferente. Como está a conversa entre vocês em torno das candidaturas?
Nunca deixamos de conversar. Com a retirada da candidatura do Arruda, o Reguffe aparece em segundo e eu em terceiro, sendo que estamos tecnicamente empatados na pesquisa divulgada pelo Correio. A gente estuda essa possibilidade de construirmos essa aliança, tendo a possibilidade do PSB revendo suas posições a minha pessoa dentro do PDT. O que a gente entende que o campo, se não mobilizar no sentido de união e, pelo menos, aproximação visando quem sabe, certamente, teremos segundo turno, porque acredito muito nisso. Agora sobre as candidaturas, acredito que poderão ser várias, mas aos 45 do segundo tempo, creio que figuras importantes nesse processo irão se unir.
E um segundo turno é uma outra eleição. Não é?
Segundo turno é uma outra eleição, que principalmente o campo progressista vai unir nessa figura que irá ao confronto contra Ibaneis.
Apesar de você não ser uma petista, nunca defendeu o ex-presidente Lula, sendo crítica ao trabalho dele. Mesmo assim, em um segundo turno, caso você estiver lá, você vai buscar o apoio da federação PT-PV-PCdoB?
Quem quer governar tem que buscar o apoio de todos. Não se pode enxergar o adversário como um inimigo mortal. Quem quer governar tem que ter uma alma pública e a capacidade de dialogar, e é com essa disposição que entro nesse jogo. Entro com o coração realmente aberto e com toda a disposição de dialogar, pensando que a prioridade não são os interesses partidários e nem individuais, mas a necessidade da população, que quer uma outra alternativa.
Se o PDT não tiver coligação, quais são os nomes colocados para vice e senado aqui no DF?
Está sendo cogitado o nome do Joe (Valle) para o meu vice. Ele tem uma história na política do DF, e tem uma relação com o setor produtivo; é empresário; foi presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF); e tem um peso e musculatura política que agrega essa disputa internamente. Estamos conversando com outros personagens, mas não gostaria de falar e citar nomes, porque estamos conversando. Sei que todos estão conversando e se falando, mas caso não conseguirmos nos viabilizar, temos essa 'resolução caseira' e, certamente, o nome que eu gostaria de ser caseira é o Joe.
Você saiu do PSB, no qual você foi eleita como senadora, e eles ficaram bastante magoados, logo perderam uma candidata que eles apostavam como um possível nome ao GDF. Você acha que é possível rearranjar essa crise e voltar a ter uma parceria com a sigla?
Você está me dando uma oportunidade de externar o meu carinho e respeito pela militância do PSB, e pelo ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que confiou em mim nesse processo todo. Mas, tudo na vida são relações, como se fosse um casamento, que muitas vezes um lado sinaliza que algumas insatisfações, em uma situação de conforto, não entende que existe um desconforto. O que me interessa hoje é o meu respeito, porque a política é uma roda, e a vida gira.
Já ouvi de petistas que, se você estivesse ficado no PSB, você seria o nome que reuniria todos os partidos de esquerda que estão divididos em, pelo menos, três candidaturas. O próprio PT apoiaria a sua candidatura, como o Lula também. Acredita que seria melhor para o seu projeto ou está convicta que está no caminho certo?
Eu não costumo muito olhar para trás. As decisões foram tomadas, e todas elas possuem um bônus e ônus, e temos que assumir as nossas responsabilidades e consequências disso. O que eu vejo é que, independentemente do lugar e posição que esteja, eu quero só somar.
Nesta semana, vimos que saiu um acordo entre o governador Ibaneis Rocha (MDB) e o ex-governador Arruda (PL), e eles estão unidos com vários partidos da base bolsonarista. Do outro lado, existe a oposição a Ibaneis, que é o caso do seu partido. Você acredita que é possível unir esse lado? Como a sua, do deputado Leandro Grass (PV); do ex-secretário Rafael Parente (PSB); a Keka Bagno (PSol); e do senador Izalci Lucas (PSDB) também. Acredita que existem candidaturas que podem ser retiradas?
Acho que algumas poderão ser revistas e, possivelmente, retiradas. Acredito que ainda tenha um nome, e sabemos que a federação fica forte, logo que o DF está polarizado, assim como o Brasil. Acredito que o Ciro vai crescer muito (na eleição), se lançando como candidato pelo PDT e podendo fazer a sua campanha, e aqui (DF) a gente fazendo esse trabalho, junto à população, fortalecendo a minha candidatura.
O Ciro Gomes vem a Brasília e irá rodar nas regiões administrativas?
Nós temos o planejamento de rodarmos a cidade, e ele e o Lupi vêm na convenção de 31 de julho. O partido está extremamente motivado em torno desta candidatura, e na expectativa de trazermos juntos alguns partidos para a coligação.
O presidente de um partido me contou, em 'off', que "a senadora Leila está acostumada a jogar e virar jogos, jogando na adversidade tendo garra para vencer, então acho que ela será candidata mesmo o PDT não tendo aliados". É isso mesmo?
É isso mesmo. A minha vida sempre foi pautada por desafios. As pessoas me questionam muito do porquê eu me candidatar, tendo mais quatro anos com mandato de senadora. E eu falo que não sou uma pessoa movida a zona de conforto, porque poderia facilmente passar esses quatro anos e acompanhar tudo isso da minha casa, sem me apresentar. Acredito que o momento requer pessoas com coragem, pessoas que entendam o cenário que Brasília e o país estão vivendo, e se apresentem, se colocando à disposição.
Na sua trajetória de vida, sendo uma pessoa natural de Brasília e sendo conhecida mundialmente pelo esporte. Você acha que vai sensibilizar as pessoas em uma campanha eleitoral?
Acho que tudo vale, mas acredito que o mais importante é eu poder mostrar para Brasília que a Leila atleta é importante na construção da Leila política, porque não dá para desassociar, e que bom que ela (Leila vôlei) foi importante para criar esse pilar, que é os valores e a força que eu tenho. Sei que no lugar onde estou, é muito difícil para as mulheres. Sabemos que o machismo estrutural também existe no esporte, mas que na política ele é muito frontal. É você com os seus pares dialogando e, muitas vezes, não sendo ouvido. Você está ali, tentando colocar suas posições, e defendendo elas, e muitas vezes a gente percebe que se fosse um senador homem, todos parariam para te ouvir. Quando é uma mulher, é uma outra situação. É um processo de resistência.
Qual será o grande desafio de quem vai assumir o mandato de governador do Distrito Federal em 1° de janeiro de 2023?
Nós temos muitos (desafios). Tenho uma parceria com a Universidade de Brasília (UnB), que tem o ObservaDF, que observa políticas públicas, e até destinamos recursos para lá, para que pudesse ser realizado estudos sobre a prestação de serviços da gestão pública do DF. Segundo dados do próprio observatório, ninguém tem dúvida que é a saúde e a questão social do DF. A saúde, a gente sabe, que a última década tem sido difícil, principalmente nos últimos 8 anos por causa da crise econômica, que se agravou por conta da pandemia e ficou muito claro para a população. Temos equipamentos da rede pública sucateados e envelhecidos, e temos que rever contratos e modelo de gestão. Vamos ter que ter coragem para enfrentar isso, sentar com os servidores e negociar. Vamos ter que realizar uma força-tarefa dos contratos, porque é um governo (de Ibaneis) que não tem transparência.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
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