Articulada, definida e dividida. Assim funcionava uma quadrilha interestadual especializada no furto de motos no Distrito Federal. O esquema sofisticado contava com a participação de 24 homens e mulheres espalhados por toda a capital, Entorno e nos estados da Bahia e do Piauí. Separados em funções, os integrantes da organização criminosa eram responsáveis por furtar as motocicletas, adulterar placas e chassis, emplacar, transportar e enviar aos receptores finais e operadores financeiros. Ontem, a Polícia Civil (PCDF) desencadeou a operação Cavalo de Aço e prendeu 15 pessoas, sendo 12 homens e três mulheres. Foram cumpridos também 32 mandados de busca e apreensão.
Ao longo de dois anos, investigadores da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (DRFV2/Corpatri) mapearam a ação do grupo e constataram que os criminosos movimentaram mais de R$ 500 mil em um ano. De forma ordenada, a quadrilha se dividia em furtadores, adulteradores de sinais identificadores, pesquisadores, "plaqueiros", transportadores, receptadores finais e operadores financeiros.
A polícia identificou ao menos 30 ocorrências policiais de furtos a motocicletas relacionadas ao grupo. Delegado à frente do caso, André Leite, diretor da Corpatri, explica que os criminosos preferiam cometer os crimes na região do Plano Piloto e escolhiam apenas motocicletas fabricadas entre 2020 e 2022. "Após a subtração do veículo, os criminosos a ocultavam em diversos locais (esfriamento), adulteravam os sinais identificadores (placas, chassis) e a transportavam para outras unidades da Federação, principalmente para cidades da Bahia e do Piauí", frisou.
Vídeos de circuitos internos de segurança colhidos ao longo das investigações foram cruciais para demonstrar a ação dos ladrões. Numa das filmagens, um homem aparece vestindo uma calça jeans e camiseta. Ele caminha por um estacionamento público do Plano Piloto, enquanto finge falar ao telefone. À frente, há três motos: uma vermelha, uma preta e uma branca. Disfarçadamente, o criminoso se aproxima da motocicleta vermelha e segura no guidão. Em pouco menos de dois minutos, ele inicia a tentativa de furto. A ação, no entanto, é frustrada após a motocicleta não dar a partida.
Em outro furto, em 13 de dezembro do ano passado, dois homens conseguem pegar uma motocicleta em frente a um prédio residencial. A dupla chega em uma moto, estaciona e desce. Com os capacetes ainda na cabeça, eles olham ao redor para saber se não estão sendo vigiados e conseguem subtrair uma das motocicletas estacionadas.
Prisões
Mais de 200 policiais civis participaram da operação Cavalo de Aço. Foram cumpridos 22 mandados de prisão e 32 de busca e apreensão nas cidades de Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião, Riacho Fundo, Luziânia, Águas Lindas (GO), Valparaíso (GO) e nos estados da Bahia e do Piauí. Até a última atualização desta reportagem, 10 pessoas foram presas.
Os presos têm idades entre 20 e 50 anos e a maioria deles acumulam antecedentes, principalmente os líderes da organização, que tinham sido investigados por adulteração de sinais identificadores e receptação de veículos. Três pessoas seguem foragidas. São elas: Douglas Vieira Barros, Gleison de Morais Feitosa e Thiago Mariano da Silva.
O grupo vai responder pelos crimes de organização criminosa, furto qualificado, adulteração de sinais identificadores, receptação e lavagem de capitais. A condenação pode ultrapassar 20 anos de reclusão.
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Furto em veículo
Dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) mostram que, nos últimos quatro anos, a capital registrou 15.490 furtos a veículos nos períodos de janeiro a junho. Em 2019, foi notificado o maior número desse tipo de crime, com 4.643 ocorrências. Em seguida, este ano aparece como o segundo maior (3.955). Em 2020, foram registrados 3.791 furtos e, em 2021, 3.101