ELEIÇÕES 2022

Câmara dos Deputados se torna foco de ex-governadores do DF em 2022

Ex-governadores estão, agora, na disputa por uma vaga de deputado federal. Arruda, Agnelo e Rollemberg são pré-candidatos depois de uma temporada longe do poder. Rosso e Abadia também avaliam se vão concorrer

Os ex-governadores José Roberto Arruda (PL), Agnelo Queiroz (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) terão oportunidade de medir a popularidade de seus legados. Os três são pré-candidatos à Câmara dos Deputados, depois de um período afastado do poder.

Antonio Cunha/CB/D.A Press - Maria de Lourdes Abadia (PSB): 2006 a 2007
Carlos Vieira/CB/D.A Pres - José Roberto Arruda (PL): 2007 a 2010
Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press - Rogério Rosso (PP): 2010 a 2011
Daniel Ferreira/CB/D.A Press - Agnelo Queiroz (PT): 2011 a 2015
Carlos Vieira/CB/D.A.Press - Rodrigo Rollemberg (PSB): 2015 a 2018

No caso de Arruda, são 12 anos. Ele disputou a última eleição em 2006, quando venceu a corrida ao Palácio do Buriti no primeiro turno. Quem tem até 31 anos, hoje, nunca teve a oportunidade de votar no ex-governador. Impedido por condenações judiciais de concorrer nos últimos três pleitos, ele reconquistou os direitos políticos liminarmente e, até segunda ordem, poderá se candidatar em 2022.

Apesar do tempo distante da vida pública, Arruda mantém um eleitorado fiel, tanto que, por onde anda, é cobrado por ter feito um acordo com o governador Ibaneis Rocha (MDB) para não sair candidato ao governo e apoiar a reeleição do atual chefe do Palácio do Buriti, com a mulher, a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF), como candidata ao Senado.

Muitos eleitores de Arruda preferem que ele concorra ao Executivo local para tentar derrotar Ibaneis. Em 2006, ele foi eleito pelo extinto PFL — que virou DEM e se fundiu ao PSL para criar o União Brasil —, com 50,38% dos votos válidos, o que corresponde a 663.364 eleitores. Nas abordagens de rua, Arruda diz que a vez é da esposa. "Eu realmente prefiro voltar como deputado (federal). (É) mais prudente. E estou muito impressionado com a boa aceitação da Flávia", diz o ex-governador.

Saiba Mais

Agnelo Queiroz também está há quase oito anos sem mandato, desde que entregou o governo para o sucessor, o ex-governador Rodrigo Rollemberg, em 2015. Ele ficou inelegível por condenação na Justiça Eleitoral e por ação de improbidade administrativa referente à liberação para ocupação do Centro Administrativo do Distrito Federal (Centrad), em Taguatinga.

Depois de uma polêmica na executiva do partido no DF, a direção nacional do PT autorizou o registro de Agnelo como postulante nestas eleições. A dúvida é o possível questionamento da candidatura na Justiça pelo Ministério Público Eleitoral ou por partidos adversários. A decisão do PT, no entanto, foi de enfrentar os questionamentos judiciais e fazer campanha.

Agnelo exerceu mandatos de deputado distrital e federal, foi ministro dos Esportes e governador. Depois que deixou o Palácio do Buriti, o petista enfrentou várias ações judiciais, mas conseguiu derrubar quase todas. "Como deputado federal, quero ajudar (o ex-presidente) Lula a governar", afirma.

Sucessor do petista no governo, Rodrigo Rollemberg também busca o retorno à trajetória política. Depois de perder a eleição em 2018 para Ibaneis Rocha, agora, ele tenta se recolocar no cenário político como deputado federal. Mas, certamente, o eleitor vai avaliar a trajetória de Rollemberg, que foi deputado distrital, federal, senador e governador. "Tenho sentido um carinho e uma receptividade muito boa nas ruas", comenta.

Disputa

Como os três serão candidatos ao mesmo cargo, haverá uma disputa entre os legados. Os três podem sair vitoriosos, mas, com apenas oito vagas, o embate será duro para todos que estão no páreo. Mais do que tudo, é dentro do próprio grupo político que existem os embates.

Assim, Agnelo precisa ficar na frente da deputada Érika Kokay (PT) para se eleger ou ambos explodirem de votos para que conquistem uma cadeira na Câmara dos Deputados. Já Rollemberg corre para chegar antes do deputado e professor Israel Batista, que concorre à reeleição pelo PSB.

Arruda, por sua vez, pelo desempenho que teve quando se elegeu deputado federal, com mais de 300 mil votos, é considerado um puxador de votos, para se eleger e ajudar mais candidatos. O PL tem outros concorrentes com potencial de vitória. É o caso da deputada federal Bia Kicis, do ex-deputado Alberto Fraga, da ex-secretária de Justiça e Cidadania Marcela Passamani e do ex-presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo) Rafael Sampaio.

Articulações

Outros dois ex-governadores também podem entrar na corrida a uma vaga na Câmara dos Deputados: Rogério Rosso (PP) e Maria de Lourdes Abadia (União). A depender das alianças e articulações para as eleições.

Neste ano, Rogério Rosso deixou o PSD e migrou para o PP, com o convite do ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que comanda o partido, para disputar um novo mandato de deputado, cargo público que exerceu entre 2015 e 2018.

Governador por nove meses em 2010, Rosso foi o terceiro colocado nas eleições ao Palácio do Buriti há quatro anos e, depois da campanha, voltou para a iniciativa privada. Trabalha como diretor para Assuntos Internacionais da União Química, cujo dono, o empresário Fernando Marques, acalenta um projeto de ser senador.

Milionário com empresas espalhadas pelo país e produtor da vacina russa Sputnik V no Brasil, Marques também entrou no PP com o compromisso de que estaria em uma chapa majoritária, como candidato ao Senado ou a primeiro suplente.

Mas a composição da chapa de Ibaneis tumultuou esses planos. Com a deputada federal Celina Leão (PP-DF) como vice, não há espaço para o partido na suplência da candidata da chapa, a deputada Flávia Arruda.

No acordo entre Ibaneis e Arruda, ficou estabelecido que o governador escolheria a vice, e Flávia teria a prerrogativa de definir seus suplentes. Assim, Fernando Marques só será o suplente se o casal Arruda puder aprovar o vice ou a vice de Ibaneis.

Sem esse entendimento, Rosso e Fernando Marques não serão candidatos a nenhum cargo público, o que será prejudicial para a nominata de deputados federais do partido. "Fernando foi convidado para compor a chapa majoritária pelo PP, e eu, a chapa de deputado federal. Caso isso não aconteça, não serei candidato", afirmou Rosso ao Correio.

Já a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia entrou no União Brasil a convite do senador José Antônio Reguffe, pré-candidato do partido ao GDF. A ideia de Reguffe é que Abadia concorra a deputada federal, mas ela diz que o cargo ainda será definido. "Volta e meia, aparecem apoiadores pedindo para que eu venha como candidata a governadora ou vice dele (Reguffe), mas o ideal é termos pessoas de outros partidos, não sendo uma chapa-pura, o que também não é muito o meu interesse. Então, ficou pendente qual campo a que irei, seja Câmara Legislativa ou dos Deputados. Tudo será decidido na convenção", diz Abadia.

*Estagiário sob a supervisão de Jéssica Eufrásio