Homicídio /

Caçada ao terceiro suspeito

Técnica de enfermagem foi morta em emboscada de falso assalto armado por sócios em esquema de agiotagem. Após uma semana desaparecida, a mulher foi encontrada com um tiro na cabeça, na madrugada de ontem, no Incra 8

Edis Henrique Peres Júlia Eleutério
postado em 04/08/2022 00:01
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Frio, sem arrependimento e com cinismo. Essa é a forma que os investigadores descrevem um dos suspeitos de matar a técnica de enfermagem, Danyanne da Cunha Januário da Silva, de 35 anos. Após uma semana desaparecida, o corpo da mulher foi encontrado ontem no Incra 8, em Brazlândia. A Polícia Civil, agora, se volta para localizar o terceiro suspeito do do assassinato, conhecido como "nego", o responsável, segundo depoimentos de um dos envolvidos, por efetuar o disparo na cabeça de Danyanne. A polícia aguarda o resultado da perícia para concluir a investigação. O delegado-adjunto da 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo), Lúcio Valente, informou que não há sinais de violência além do disparo de arma de fogo. "Ela estava vestida, inclusive com as mesmas vestes que vemos ela saindo do prédio nas imagens de vídeo", destaca.

Ao Correio, Dallas, a irmã mais velha de Danyanne, destacou que a técnica de enfermagem era uma pessoa maravilhosa. "Ela amava a vida, era muito querida, todo mundo gostava dela e a gente percebeu isso pelas homenagens e o jeito especial que é tratada", afirma. A vítima deixou dois filhos, de 11 e 13 anos anos, que segundo Dallas, estão muito abalados. "Imagina, já ter perdido o pai e agora a mãe, a base da criação. Eles têm a gente, mas não é a mesma coisa", lamenta. Os familiares contam que Danyanne tinha medo de morrer e deixar os filhos, principalmente depois que o pai deles faleceu, há cerca de dois anos.

Dois suspeitos de participação no assassinato estão detidos, Ramon, de 26 anos, e Manoel, de 24 anos. Um deles confessou o crime. Segundo Valma Milograna, delegada-chefe da 29ª DP, Danyanna fazia agiotagem e os dois suspeitos eram sócios dela. "Um deles começou a pegar dinheiro com ela como se fosse para terceiros, mas na verdade era para eles. Esse valor chegou em uma quantia que eles não conseguiriam pagar e, por esse motivo, ele resolveu matá-la", detalha.

Execução

Na noite de 27 de julho, Danyanne tinha marcado um encontro em frente à loja Madeireira Forte Lar, na Quadra 1, do Riacho Fundo 1. As investigações da polícia apontam que neste dia, a técnica de enfermagem não tinha ido cobrar uma dívida. De acordo com a polícia os "sócios" marcavam encontros em locais públicos para repassar as quantias. "Tanto que ela sai tranquila, não aparenta nervosismo achando que vai só pegar o valor com ele, porque ele disse que não tinha conseguido passar o dinheiro via Pix. Ela nem levou o celular, na intenção de voltar rápido porque os filhos estavam sozinhos em casa", explica Valma Milograna.

O delegado-adjunto, Lúcio Valente, detalha que o papel de Ramon e Manoel como sócios era de captação de clientes. "Ela emprestava o dinheiro a 50% (de juros), eles (suspeitos) ficavam com a captação dos clientes e com 30% dos juros, e repassavam 20% para ela", pontua. No entanto, os dois suspeitos começaram a pegar empréstimos em favor próprio e quando a quantia chegou a um valor muito alto, entre R$ 30 e R$ 90 mil, eles começaram a formular um plano de emboscada. A técnica de enfermagem ainda não suspeitava que estava sendo enganada e chegou a enviar uma mensagem para Ramon, pedindo informações sobre as pessoas para quem ele emprestou dinheiro, com medo do que poderia acontecer com ela ou com ele.

O plano dos dois suspeitos foi simular um assalto. Horas antes do crime, Ramon envia uma mensagem para a técnica de enfermagem: "hoje eu vou te dar um presente. Você vai adorar". No encontro, já no Riacho Fundo, o terceiro suspeito, "Nego", aborda Ramon e Danyanne e anuncia o assalto. Ele leva os dois no carro da técnica de enfermagem até o Incra, onde executa a vítima e deixa o corpo. Em outro carro, Manoel chega logo depois para buscar Ramon e voltar para o Riacho Fundo. A suspeita dos investigadores é que Nego tenha fugido no carro de Danyanne, que ainda não foi encontrado. Um radar na BR-040, pouco tempo depois, chegou a flagrar o veículo, por volta de 0h27min, próximo a Valparaíso.

Em coletiva de imprensa, os delegados responsáveis pelo caso destacam a frieza dos suspeitos. Após matarem Danyanne, Ramon e Manoel foram até a casa da namorada do primeiro suspeito. "Ele foi tão frio que teve a capacidade de matar e seguir como se nada tivesse acontecido", afirma Valma Milograna. Segundo Lúcio Valente, os suspeitos foram autuados em flagrante pelo crime de ocultação de cadáver, homicídio qualificado e roubo do veículo. Somadas, as penas podem chegar a 30 anos de prisão.

O advogado criminalista Sérgio dos Anjos alega que o cliente dele, Ramon, de 26 anos, nega todas as acusações veementemente. "Nós ainda estamos tendo acesso aos elementos probatórios", afirma. Segundo ele, há álibis que o cliente não estaria no local no momento do crime.

Momento de dor

O Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem (Sindate-DF) divulgou uma nota de pesar pela morte da técnica profissional. "Era considerada uma excelente profissional pelos colegas de trabalho."

A Secretaria de Saúde também publicou texto em que lamenta a morte e se "solidariza com os familiares e colegas de trabalho".

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  •  03/08/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Cidades. Suspeitos de matar técnica de enfermagem são levados para carceragem, pela morte de Danyanne Cunha Januário da Silva,
    03/08/2022. Crédito: Ed Alves/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF. Cidades. Suspeitos de matar técnica de enfermagem são levados para carceragem, pela morte de Danyanne Cunha Januário da Silva, Foto: Ed Alves/CB
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  • Suspeitos de matar técnica de enfermagem são levados para carceragem da PCDF
    Suspeitos de matar técnica de enfermagem são levados para carceragem da PCDF Foto: Ed Alves/CB/D.A Press
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