Crime

"Danyanne não era bandida"

Família defende a técnica de enfermagem, assassinada com um tiro na cabeça, que emprestava dinheiro a juros. "Estava desesperada porque criava os filhos sem pedir ajuda para ninguém", destaca a irmã da vítima

Edis Henrique Peres Renata Nagashima Júlia Eleutério Eduardo Fernandes*
postado em 05/08/2022 00:01
 (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
(crédito: Reprodução/Redes Sociais)

Dez dias depois de seu desaparecimento e três após a técnica de enfermagem Danyanne da Cunha Januário da Silva, 35 anos, ser encontrada morta com um tiro na cabeça em uma região de mata no Incra 8, em Brazlândia, a família poderá enterrar o corpo da vítima e prestar as últimas homenagens. O velório será hoje, no Campo da Esperança, das 12h30 às 14h30. O sepultamento ocorrerá às 15h.  

Chorando muito, a irmã da vítima, Dallas da Cunha, 44, contou ao Correio que a técnica de enfermagem recorreu ao esquema de empréstimo de dinheiro para sustentar sozinha os dois filhos, de 11 e 13 anos. "Estão colocando ela como bandida. Mas ela não era. Ela tinha o dinheiro e emprestou porque achou que seria tranquilo para ajudar os filhos dela. Estava desesperada porque criava os filhos sem pedir ajuda para ninguém. Ela sempre foi muito íntegra. E todo mundo sabe o valor do salário de um técnico de enfermagem", lamentou. 

A família também aguarda a prisão do terceiro suspeito de assassinar Danyanne. Conhecido como "Nego", ele é procurado pela polícia e acusado de ser o autor do disparo de arma de fogo que matou a técnica de enfermagem. A suspeita é de que ele tenha fugido com o carro da vítima logo após o crime.

Os outros envolvidos no homicídio, Ramon, 26, e Manoel, 24, estão presos desde quarta-feira. Segundo a delegada-chefe da 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo), Valma Milograna, Manoel confessou o crime. Danyanne foi vítima de uma emboscada. Ramon e Manoel praticavam agiotagem com ela e simularam um assalto. A motivação do assassinato, de acordo com a polícia, teria ocorrido por que os envolvidos não conseguiram quitar a dívida com a vítima, que estava sendo enganada pela dupla ao pegarem dinheiro fingindo ser terceiros. Danyanne desapareceu em 27 de julho e o corpo foi encontrado na quarta-feira.

Adeus à Jeanne

O sepultamento de Jeanne Pereira dos Santos, 31 anos, encontrada morta dentro de casa na manhã de quarta-feira, em Ceilândia, será hoje no Cemitério de Taguatinga. O velório está marcado para começar às 13h30. O assassinato de Jeanne é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) 2, de Ceilândia, como feminicídio — o 11º este ano no Distrito Federal. O companheiro da vítima, Leandro Nunes Caixeta, 34 anos, é o principal suspeito. Até o fechamento desta edição, ele continuava foragido.

A delegada Adriana Romana, responsável pelo caso, informou que é provável que Jeanne tenha sido estrangulada. De acordo com a polícia, os vizinhos ouviram uma gritaria logo cedo. Leandro procurou um posto do Corpo de Bombeiros (CBMDF), alegou que a mulher estava com dificuldade para respirar e pediu ajuda. Quando a equipe chegou no quarto do casal, por volta de 8 horas, encontrou a vítima caída no quarto. Os bombeiros tentaram reanimá-la, mas ela morreu no local. Enquanto isso, Leandro fugiu.

A filha do casal, de 11 anos, estava na casa quando o crime aconteceu. De acordo com Jaqueline Pereira, tia da vítima, a menina está traumatizada. Além de ter estado no local onde a violência ocorreu, no começo da manhã, ela teve que permanecer dentro da casa até o meio-dia, aguardando a chegada do Conselho Tutelar, enquanto a polícia começava a investigação e era providenciada a retirada do corpo do local. A criança foi entregue aos cuidados de um tio por parte de mãe.

Conforme testemunhas e a própria tia da vítima, as brigas e agressões eram constantes. Juntos há cerca de oito anos, ambos eram usuários de drogas, o que, na opinião da tia, agravava a situação. A polícia foi chamada algumas vezes. Em 2021, Jeanne formalizou queixa na Deam, mas o processo foi arquivado no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). A investigação do assassinato seguirá em sigilo.

*Estagiário sob a supervisão

de Malcia Afonso

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  • Danyanne da Silva, 35, sumiu após sair de casa há sete dias
    Danyanne da Silva, 35, sumiu após sair de casa há sete dias Foto: Reprodução/Redes Sociais
  • Danyanne da Cunha Januário da Silva, 35, saiu de casa no Riacho Fundo 1 para cobrar uma dívida e não foi mais vista
    Danyanne da Cunha Januário da Silva, 35, saiu de casa no Riacho Fundo 1 para cobrar uma dívida e não foi mais vista Foto: Reprodução/Redes Sociais
  • 31/01/2019 Crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Parque Três Meninas em Samambaia.
    31/01/2019 Crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Cidades. Parque Três Meninas em Samambaia. Foto: Minervino Junior/CB/D.A Press
  • A técnica em enfermagem Danyanne
    A técnica em enfermagem Danyanne Foto: Arquivo pessoal
  • Jeanne tinha hematomas no pescoço, marcas no corpo e olhos roxos
    Jeanne tinha hematomas no pescoço, marcas no corpo e olhos roxos Foto: Reprodução/Redes Sociais

Agressão em Samambaia

Dois garotos e uma menina, todos com 17 anos, foram vítimas de tentativa de latrocínio e extorsão qualificada (praticada com violência) no Parque Três Meninas, em Samambaia. Três adolescentes — dois de 17 anos e um de 14 — obrigaram as vítimas a tirarem as roupas, entregar os pertences e senhas bancárias. A jovem reagiu e conseguiu pegar uma faca que estava com um dos agressores, mas acabou esfaqueada. Ela foi atendida no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). A 26ª DP (Samambaia Norte) identificou os suspeitos. Eles serão apreendidos sob ordem judicial. O caso ocorreu em 2 de julho e chegou ontem à Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA 2).

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