Descarte

Medicamentos para tratar doenças mentais são descartados em estrada de terra

Líder comunitária dos pequenos agricultores da região de Samambaia Norte afirma que essa não é a primeira vez que casos como esse acontecem e especialista alerta que alguns medicamentos podem contaminar o meio ambiente

Eduardo Fernandes*
postado em 24/08/2022 21:15
Duas sacolas contendo medicamentos psicotrópicos foram encontradas em Samambaia Norte -  (crédito: material cedido ao Correio)
Duas sacolas contendo medicamentos psicotrópicos foram encontradas em Samambaia Norte - (crédito: material cedido ao Correio)

Duas sacolas contendo medicamentos psicotrópicos (que agem no sistema nervoso central e afetam processos mentais) foram encontradas em uma estrada de terra perto do setor de chácaras Lages Giboia, em Samambaia Norte, nesta quarta-feira (24/8). Um maquineiro que trabalhava no local achou os produtos farmacêuticos sujos de terra. De acordo com relato do trabalhador, a grande maioria era de tarja preta, para tratamento de doenças psicológicas ou crônicas e agudas.

Segundo a líder comunitária dos pequenos agricultores da região, Maria Vilma, 63 anos, essa não é a primeira vez que casos como esse acontecem. Na última ocasião, os medicamentos também foram deixados próximo à comunidade, e foram levados pela chuva, pouco tempo depois.

Dessa vez, a moradora afirma que tentou entrar em contato com a Vigilância Sanitária, a Polícia Militar (PMDF) e o posto de saúde de Samambaia. No entanto, não obteve sucesso com nenhum órgão. Ela acredita que, até o momento, os medicamentos continuam "largados" no mesmo lugar. “Não é viável tocar neles. A polícia ou algum órgão competente deveria vir aqui e abrir uma investigação”, destaca. Vilma também teme pelos perigos que os produtos podem causar ao meio ambiente.

Riscos

Segundo a bióloga e doutora em bioquímica Francislete Melo, o receio da líder comunitária faz sentido. Segundo ela, alguns medicamentos podem contaminar o meio ambiente, como vacinas e remédios para tratamento de câncer. Ela explica que caso alguns insumos caiam dentro de lagos, rios ou até mesmo penetrem o solo, os animais podem acabar se contaminando.

Outro fator citado pela especialista é o risco se algum morador próximo a região do descarte encontre o medicamento. Francislete observa que caso a pessoa não seja alfabetizada pode levar o produto para casa, ingeri-lo e, provavelmente, sofrer alguma intoxicação.

“É bem perigoso. Nunca pensamos nessas coisas, mas tudo isso é bem possível”, alerta a bioquímica. A orientação de Francislete é que os fármacos que não podem ser descartados em lixos comuns sejam levados de volta à farmácia ou postos de coleta que também recebam essa destinação final para medicamentos que não podem ser mais usados. Em caso de aspirinas e outros remédios mais leves, o correto é tirá-los da embalagem para descaracterizá-los — esses podem ser jogados nas lixeiras.

Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso

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