Organização criminosa

Advogados recebiam até R$ 10 mil de facção por comunicações criminosas

Cooptados pelas facções do Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e Amigos do Estado (ADE), os advogados atuavam na função de "pombo-correio". Ou seja, eles recebiam e entregavam recados dos faccionados em Planaltina presos para o mundo externo

Darcianne Diogo
postado em 06/09/2022 20:25 / atualizado em 06/09/2022 20:27
 (crédito: PCGO/Divulgação)
(crédito: PCGO/Divulgação)

Os 16 advogados suspeitos de ajudar membros de facções criminosas, presos pela Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) na operação Gravatas, embolsavam milhares de reais para levar e trazer recados de líderes das organizações ilegais que estavam no Presídio Especial de Planaltina (PEP). Conforme as investigações, os valores começavam em R$ 5 mil e iam até somas milionárias. A operação ocorreu na manhã desta terça-feira (6/8) e identificou cinco advogados do Distrito Federal.

Cooptados pelas facções Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV) e Amigos do Estado (ADE), os advogados atuavam na função de “pombo-correio”. Ou seja, eles recebiam e entregavam recados dos integrantes dos grupos presos para o mundo externo. No geral, os assuntos tratados eram referentes ao tráfico de drogas, funcionamento da organização e até ordens para cobrar dívidas. “Por causa da dificuldade de acesso aos celulares nos presídios, os criminosos acabaram recorrendo a esses meios. Então, os advogados eram os garotos do recado do crime organizado”, detalhou, ao Correio, o delegado-titular da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor), Thiago Martimiano.

Ramificação em Brasília

Os mandados de prisão contra os cinco advogados do DF foram cumpridos em Ceilândia Sul, Vicente Pires e Samambaia. A PCGO prendeu, ainda, outros 11 advogados nas cidades de Planaltina (GO), Anápolis e Goiânia e cumpriu 48 mandados de prisão preventiva contra líderes de facções presos no PEP.

Eventualmente, a facção falava com os advogados sobre armas de fogo e outros crimes em geral. Alguns desses profissionais se envolviam diretamente nas atividades da facção, inclusive na movimentação financeira. Para fazer o papel de “pombo-correio”, alguns advogados recebiam R$ 5 mil por 20 atendimentos. Para outros, o “salário” era mensal e variava entre R$ 5 e R$ 10 mil.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação