Ouro de tolo

PCDF deflagra operação contra golpes eletrônicos no Rio de Janeiro

Os criminosos ofereciam portabilidade das dívidas das vítimas para outro banco, mas quem caía no golpe acabava com a dívida original e a contraída pelos golpistas

Correio Braziliense
postado em 05/10/2022 09:37
 (crédito: Reprodução/PCDF )
(crédito: Reprodução/PCDF )

Na manhã desta quarta-feira (5/10), policiais da 9ª DP, do Lago Norte, em parceria com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, deflagraram a operação Ouro de Tolo, na capital carioca. São cumpridos 31 mandados judiciais, sendo duas prisões temporárias, sete prisões preventivas, nove buscas e apreensões e 13 sequestros de bens e valores.

A operação busca uma organização criminosa que montou uma empresa de fachada que funcionava com um call center assediando pessoas em todo o Brasil, oferecendo créditos consignados. Os criminosos ligavam para pessoas que já possuíam créditos consignados e ofertavam a portabilidade para outro banco com supostas taxas de juros e parcelas menores. A vítima era induzida a aceitar a oferta e fornecer toda a documentação. Veja o vídeo do delegado Erick Sallum falando sobre a operação: 

Os golpistas obtinham um novo empréstimo no nome da vítima, que acabava com duas dívidas: a original e a nova, adquirida de forma fraudulenta. Depois do golpe, os criminosos bloqueavam os celulares e as pessoas lesadas ficavam sem a quem recorrer. Diversas pessoas ficaram com a própria subsistência comprometida pelos diversos descontos

A investigação demonstrou que o núcleo da organização criminosa, que montou uma empresa de fachada chamada Global Intermediações Promotora LTDA, era composto por integrantes de uma mesma família: mãe, filho e nora. A nora ainda usou o nome do irmão dela, que é motoboy, para figurar como proprietário laranja da empresa. Como forma de evitar a localização pelas autoridades e pela vítimas, eles mudavam de endereço e escritório no Rio de Janeiro com frequência, além de trocar os chips dos celulares e contatos do WhatsApp, o que deixava as vítimas perdidas.

Após fazerem tantas vítimas e a empresa ficar queimada em sites de reclamações, os criminosos abandonaram o CNPJ e abriram outro para iniciar um novo ciclo de golpes. Todo o esquema movimentou cerca de R$ 3,5 milhões, segundo a PCDF.

Entre as vítimas localizadas pelos investigadores, cinco são do Distrito Federal, com prejuízos entre R$ 90 mil e R$ 230 mil. Além do DF e do Rio de Janeiro, outras dezenas de vítimas foram localizadas em diversos outros estados, entre eles Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Goiás, Alagoas, Rio Grande do Sul e Bahia. Todas as pessoas que foram lesadas por esses criminosos devem registrar um boletim de ocorrência na 9ª DP, no DF, ou nas polícias civis de seus respectivos estados. A corporação informou que cada nova vítima encontrada possibilita o acréscimo de quatro a oito anos de prisão aos golpistas.

Vazamento de dados

A operação Ouro de Tolo também revelou que o vazamento de dados pessoais da população brasileira vem ocorrendo de forma sistemática, a despeito da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Os investigadores constataram que informações pessoais de milhões de brasileiros estão sendo comercializadas sem qualquer critério, o que facilita vários tipos de golpe.

O comércio ilegal de dados pessoais foi constatado uma vez que apenas vítimas com empréstimos consignados eram abordadas. As vítimas também relataram que quando recebiam as ligações, eles já sabiam dos valores dos empréstimos anteriores e das contas bancárias em seus nomes, o que fazia com que os golpistas ganhassem a confiança delas.

Já é a oitava deflagrada pela Polícia Civil do DF este ano com o objetivo de combater esses tipos de golpes eletrônicos, que vêm tendo uma grande expansão no país. A corporação reforça a necessidade de cuidados com propostas feitas por aplicativo de mensagem e que os documentos pessoais nunca podem ser fornecidos a terceiros sem conferir com o banco se aqueles são realmente agentes autorizados. 

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