Homem é preso e pessoas ficam feridas durante desocupação em Ceilândia

De acordo com a Polícia Militar, o homem foi detido após jogar pedras em direção aos policiais e partir para cima deles com uma barra de ferro

Mila Ferreira

postado em 07/10/2022 17:22 / atualizado em 07/10/2022 19:28

(crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press)

Um homem foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) durante desocupação em Ceilândia na tarde desta sexta-feira (7/10). A prisão foi realizada após o homem jogar pedras em direção aos policiais e partir para cima deles com uma barra de ferro. A ação aconteceu durante confronto entre a PMDF e os membros do Movimento Resistência Popular (MRP) na altura da QNR4, em Ceilândia.

Várias pessoas saíram feridas do conflito, incluindo um rapaz que foi levado ao hospital com convulsões. Segundo Gilvan Xavier, 53 anos, membro do MRP, os policiais estavam jogando gás de pimenta na direção dos integrantes do grupo, quando houve correria e o rapaz, também integrante do grupo, foi atingido por um policial com uma paulada na cabeça e teve um ataque epilético na sequência.

O Major R. Aguiar, da Polícia Militar, contou ao Correio que o rapaz estava tendo convulsões e foi levado pelos bombeiros ao hospital, no entanto, o policial não estava no local quando aconteceu o incidente e, segundo ele, não havia nenhum sinal de lesão aparente na cabeça. O homem foi conduzido à UPA 2 de Ceilândia.

Uma adolescente de 14 anos também foi conduzida ao hospital. Ela estava com a perna imobilizada e suspeita de fratura após queda durante o confronto do grupo com os policiais, além de ter vivenciado um longo ataque de ansiedade. A tia da moça, Leonice Alves da Rocha, também caiu no chão e machucou levemente a perna. A mulher também teve uma crise de pressão alta no local. Ambas foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) e levadas a uma unidade de saúde.

Os membros do MRP estão acampados no local desde a última sexta-feira (30/9). De acordo com um homem que faz parte do movimento e não quis se identificar, os policiais chegaram ao local nesta sexta-feira (7/10) por volta de 9h. Ele contou que, a princípio, houve uma tentativa de negociação pacífica, os policiais solicitaram que os membros do movimento retornassem às suas barracas alegando que representantes da Secretaria de Desenvolvimento Social do DF (Sedest) pegariam o cadastro de todos para que tivessem acesso ao programa habitacional oferecido pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab).

No entanto, segundo o homem, a partir do momento que os integrantes do MRP começaram a retornar às barracas, bombas começaram a ser jogadas. "Essa é uma luta por moradia. Aqui, temos idosos, famílias, donas de casa. Hoje, o governo chegou e partiu para a repressão conosco. Essa é a política deles contra o povo pobre e humilde", disse Francisco Targino, representante do MRP.

A Secretaria DF Legal informou, em nota, que trata-se da desobstrução de uma área em que está previsto um projeto habitacional para mais de 400 pessoas com deficiência que constam na lista da Codhab. A Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) confirmou ao Correio que atuou em parceria coma DF Legal. 

Leia abaixo os comunicados oficiais do governo:

"A PMDF atua na parte de segurança, a fim de proteger agentes e pessoas envolvidas. A Codhab-DF informa que o governo está monitorando desde o momento da invasão, que ocorreu na madrugada de sexta (30/9) para sábado (1/10). E desde então, o governo vem identificando os responsáveis pela incitação desse ato criminoso. Não será admitida em hipótese alguma a permanência desse grupo de invasores naquele local. A remoção é certa e inegociável. Ademais, a Companhia ressalta que aqueles invasores que eventualmente estejam inscritos na lista da Codhab serão excluídos de qualquer programa habitacional do DF, conforme legislação própria. A ação para remoção se dará nas próximas horas. No primeiro momento, buscar-se-a o diálogo e a saída de forma passiva e ordeira. O espaço pertence ao GDF e está destinado a Codhab para a produção de habitação de interesse social para aqueles que preenchem os requisitos da Lei 3877/2016. A Codhab informa que a área denominada QNR 6 foi objeto de licitação através de edital de chamamento n. 01/2021, onde há previsão de aproximadamente 2000 unidades habitacionais, sendo destes, 400 lotes urbanizados e adaptados a PCDs, que serão a esses entregues sem qualquer ônus financeiro. Portanto, a invasão em questão reveste-se de uma gravidade e crueldade ímpar, haja vista que ao perpetrarem essa invasão subtraem direitos da camada mais vulnerável e invisível aos olhos da sociedade. Situação esta que o governo está resgatando a dignidade e o direito à moradia, dos mais necessitados aos PCDs". 

"A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) informa que as forças de segurança do Distrito Federal atuaram, nesta sexta (7/10), em apoio à Secretaria DF Legal, e outros órgãos de governo, em desocupação de terra pública nas proximidades da QNR 6, em Ceilândia. Em determinado momento, após tentativas de negociação, um pequeno grupo ofereceu resistência à retirada, com fechamento de vias, queima de pneus e arremesso de pedras e outros objetos. Para garantir a ordem pública e segurança dos envolvidos, foi necessário, em alguns momentos, o uso de instrumentos não letais por parte da Polícia Militar. Destacamos que o Corpo de Bombeiros atuou, durante toda a operação, com apoio em combate a incêndio, suporte médico entre outros. A Polícia Civil do Distrito Federal também apoiou a operação com emprego dos grupamentos de operações especiais e aéreas. A operação foi concluída ao fim da tarde."