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Mulher assediada por diretor do HRC desabafa: 'Passou a mão no meu corpo'

Alcione Pimentel Barros foi afastado do cargo no Hospital Regional de Ceilândia na semana passada e é investigado pela Polícia Civil. A mulher contou detalhes do episódio em entrevista ao Correio

A mulher assediada sexualmente pelo diretor administrativo do Hospital Regional de Ceilândia (HRC) denunciado, Alcione Pimentel Barros, relatou momentos de tensão e pavor: “Me segurou com força e passou a mão por todo o meu corpo”, disse ela em entrevista concedida ao Correio. O diretor foi exonerado do cargo na quarta-feira (23/11) e é investigado pela Polícia Civil do DF (PCDF).

Sob condição de anonimato, Ana*, de 28 anos, contou que o episódio de assédio ocorreu em 10 de outubro, dentro do hospital. A vítima trabalhava no setor administrativo para uma empresa terceirizada e mantinha pouco contato com Alcione, uma vez que ele não era o chefe dela diretamente. “Ela não tinha ido trabalhar há uns dias, pois estava de atestado. No dia 10, ele apareceu no fim da tarde, já no final do meu plantão e, quando me viu, pediu para que eu fosse à sala dele”, diz.

Ao entrar na sala de Alcione, Ana conta que o diretor fechou a porta, algo fora do comum. “Fiquei um pouco apreensiva. Ele sentou na cadeira, perguntou sobre o meu avô que estava doente e, depois, disse que tinha visto algumas fotos minhas, que eu estava bonita e agradeci o elogio.” Depois disso, o homem teria a convidado para sair. “Eu rejeitei e disse que era melhor não e ele ficou insistindo”, continuou.

Nervosa, a funcionária se levantou e o celular caiu ao chão, momento em que, segundo ela, o homem a abraçou por trás e começou a passar a mão pelo corpo da vítima. “Eu fiquei desnorteada e não sabia o que fazer. Ele pegou nos meus seios, na minha bunda. Depois, me virou de frente e passou a língua na minha boca, no meu pescoço e me segurava com muita força”, detalhou.

Ana conseguiu empurrar o agressor e saiu da sala às pressas. Minutos depois, ela relata que Alcione começou a enviar uma série de mensagens pedindo para que ela retornasse, como se nada tivesse acontecido. “Quando fui falar com uma outra servidora, próximo à sala dele, ele ficava gesticulando com as mãos e olhando para mim de longe, pedindo para que eu voltasse.” Nas conversas guardadas e analisadas pela polícia, o diretor insiste em deixar a funcionária em casa e chega a chamá-la para sair.

Transferência


Após o episódio, Ana precisou fazer dois plantões no mesmo hospital e chegou a passar mal de nervosismo. “Não estava conseguindo dormir e nem trabalhar direito. Era algo que estava comprometendo o meu serviço”, diz ela.

Mãe solteira de duas meninas, de 8 e 1 ano, a mulher temeu pelo emprego e decidiu contar a situação para a chefe, que a incentivou de imediato a registrar um boletim de ocorrência. Ana foi à delegacia quatro dias depois, em 14 de outubro, e conseguiu ser transferida para trabalhar em outro hospital. O caso está sob sigilo e é apurado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM II), em Ceilândia.


Na quarta-feira, foi anunciado o afastamento do diretor do HRC. Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a pasta foi informada do caso por meio da superintendência regional. Devido às denúncias, o servidor foi afastado das competências e será aberto um processo administrativo para apurar a ocorrência.

Ao Correio, o advogado do diretor, Leonardo Krause, informou, ainda na quarta-feira, que Alcione não responde a processo administrativo, inquisitorial ou judicial, além de nunca ter recebido qualquer chamado sobre o assunto. Disse, ainda, que não pôde informar a versão dele dos fatos.

Em nota, o advogado esclareceu que o cliente realmente acredita haver indícios de perseguição política. “O Sr. Alcione Pimentel ocupa posição de chefia no Hospital Regional da Ceilândia e tem como característica tratar todos com urbanidade e cortesia, e pode provar isso. Nunca cometeu esse tipo de prática, acredita na Justiça e possui alguns elementos de prova que disponibilizará no tempo oportuno. Em virtude do cargo que ocupa, pode haver também motivações políticas, e também possui elementos para acreditar nesta hipótese”.

“Espero que ele não pague só pelo dano que causou na minha vida, mas na de outras mulheres, porque tenho certeza que não fui a primeira e nem a única”, finalizou a vítima.

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*Nome fictício para preservar a identidade da vítima