ATENTADO

Extremista diz que plano inicial era explodir área de embarque do Aeroporto

Preso por deixar uma bomba no paralama de um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília em 24 de dezembro, Alan Diego dos Santos conta que recebeu bomba no acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército

Talita de Souza
postado em 23/01/2023 15:36
 (crédito: Reprodução/Twitter)
(crédito: Reprodução/Twitter)

O suspeito Alan Diego dos Santos Rodrigues, preso por envolvimento com a tentativa de atentado no Aeroporto de Brasília em 24 de dezembro de 2022, afirmou, na sexta-feira (20/1), que o plano de George Washington de Oliveira, 54 anos, era deixar a bomba dentro da área de embarque do aeroporto. George foi o primeiro a ser preso na investigação do atentado e é quem teria sido responsável pela confecção do artefato explosivo.

Em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), obtido pela TV Globo, Alan disse ter recebido a bomba de George Washington no acampamento bolsonarista — montado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília — horas antes de deixá-la no paralama de um caminhão-tanque no Aeroporto.

O homem afirmou que a ordem de George era deixar o artefato na área de embarque do local, onde há intensa movimentação de pessoas, mas não “achou correto” cumprir a orientação. Por isso, mudou o plano e colocou o artefato no paralama traseiro de um caminhão-tanque, entre 3h e 4h de 24 de dezembro de 2022.

O extremista também confirmou, como a Polícia já havia descoberto, que foi levado ao local do crime pelo jornalista bolsonarista Wellington Macedo, apontado como terceiro envolvido na ação terrorista. O blogueiro tem forte presença nas redes sociais e trabalhou no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante a gestão de Damares Alves (Republicanos) na pasta no governo Bolsonaro (PL).

Wellington já respondia pelo crime de incitar atos antidemocráticos durante o 7 de setembro de 2022 e teve prisão decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. À época do crime no aeroporto, o homem cumpria regime domiciliar e utilizava tornozeleira eletrônica, artefato que ajudou a polícia a refazer os passos dele e de Alan na noite da tentativa de atentado. Além disso, câmeras do aeroporto mostram a ação dos dois. Desde que a tentativa de atentado foi descoberta, o jornalista está foragido.

De acordo com Alan, depois de ter deixado a bomba no caminhão-tanque, “a ficha caiu” sobre a gravidade do que havia feito. Ele então procurou um orelhão próximo à Rodoviária do Plano Piloto para ligar para a polícia, mas, segundo ele, o atendente da Central de Emergência da Polícia Militar (disque 190) não acreditou nele.

Pouco depois, o suspeito disse que ele e Wellington voltaram ao caminhão-tanque e depois ligaram para o Corpo de Bombeiros, “que disse que não tinha nada a ver com aquela ligação” e que ele deveria comunicar a Polícia Militar.

Alan também disse que desde que chegou ao acampamento bolsonarista em frente ao quartel-general do Exército em Brasília, “sempre ouvia conversas sobre explosão pelos manifestantes”, como uma ação que provocaria uma intervenção militar.

O suspeito ainda afirmou que George encomendou as matérias-primas do explosivo do Pará e que ele contou à Alan que chegou a fazer cursos no Distrito Federal para aprender a fabricar os artefatos.

Até o momento, apenas George e Alan estão presos. Natural de Comodoro (MT), Alan foi o segundo a ser preso, após se entregar à Polícia Civil de Mato Grosso. Ele foi encaminhado para a PCDF em 19 de janeiro e, agora, de acordo com a polícia, será transferido para o Sistema Penitenciário do Distrito Federal, “onde permanecerá à disposição do Poder Judiciário”.

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