Jornal Correio Braziliense

Discriminação racial

Cliente sofre racismo ao pedir nota fiscal em restaurante: 'Preto tem direito?'

O caso ocorreu neste domingo (1º/1) em um estabelecimento de Samambaia Sul. Além do crime racial, o acusado também teria ameaçado a vítima com um pedaço de pau

O responsável técnico em uma empresa de manutenção veicular Orlanio da Silva Alves Junior, 31 anos, foi vítima de discriminação racial em um restaurante de Samambaia Sul após pedir a nota fiscal, neste domingo (1º/1). O funcionário de 61 anos teria se recusado a emitir o documento e retrucado “e preto tem direito?”. O acusado ainda teria ameaçado a vítima com um pedaço de pau no dia seguinte.

O morador de Samambaia Sul conta que foi até o restaurante acompanhado do filho de seis anos para almoçar. Orlanio acredita que, devido ao horário, as opções de comida eram pouco variadas e solicitou que fosse assada uma carne, porque só havia linguiça, naquele momento, mas o pedido não foi atendido. Após servir, pediu ao funcionário que pesava os pratos para que fornecesse a nota fiscal referente à refeição dele e do filho.

O homem respondeu que não iria dar a nota e que essa prática não existia no restaurante. Em resposta, Orlanio disse que não era um pedido, pois se tratava de um direito dele enquanto consumidor. “Perguntei se ele não declarava imposto, porque era um direito de todo e qualquer consumidor a nota fiscal ou cupom fiscal. Ele me olhou de cima a baixo e falou ‘e preto tem direito?’”, recorda o responsável técnico.

Depois do desentendimento, Orlanio se dirigiu ao caixa e perguntou quem era o funcionário que o atendeu. A mulher que recebia os pagamentos respondeu que era o pai dela e pediu para que o cliente relevasse aquele comportamento. “Informei o que tinha acontecido e ela rapidamente me pediu desculpa. Enquanto estávamos conversando, ele se aproximou e repetiu novamente ‘Aqui não existe isso de nota’”, conta Orlanio, acrescentando que continuou a falar com a moça explicando que era irrelevante o documento naquele momento, mas exigia respeito.

Orlanio foi até a 32ª Delegacia de Polícia (Samambaia Sul) para dar queixa. “Os policiais mostraram alguns retratos falados e identifiquei o homem que havia cometido racismo contra mim e o mesmo já tinha um mandado de prisão em aberto”, informou a vítima. 

Ameaça

Orlanio conversou com a filha do acusado e ela solicitou que ele retornasse na manhã desta segunda-feira (2/1) para buscar a nota fiscal. “Chegando no estabelecimento ela pediu para eu aguardar e aí me deparei com a mesma pessoa contra a qual fiz a ocorrência segurando um pedaço de madeira”, afirmou. Segundo ele, o homem tentou acertá-lo várias vezes. “Tive que correr para o outro lado da rua e esperar a chegada da Polícia Militar”, disse.

Acionada, a PMDF foi até o local, mas o agressor fugiu. “Foi constatado que realmente havia um mandado de prisão em aberto em nome dele e os policiais pediram para eu voltar novamente para a delegacia e registrar uma queixa de ameaça”, relata Orlanio, que fez o novo registro contra o idoso pelos crimes de discriminação racial e ameaça. O responsável técnico gravou a chegada dos agentes ao restaurante. Veja vídeo:

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Amaro Júnior/CB/D.A Press - Racismo
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