O carnaval teve seu fim decretado na última terça-feira, deixando uma imensa saudade aos brasilienses. Entretanto, muitas festas e alternativas culturais levaram a população para as cidades do Distrito Federal, neste fim de semana. Seja com atrações para a criançada no Guará ou com o forró animado em São Sebastião, as opções para quem não quis ficar em casa e festejar mais um pouco foram diversas.
Inspirado no Eixão do Lazer, a Rua do Lazer, no Guará, reúne moradores todo último domingo do mês. Sob olhares de policiais militares, que estavam fazendo a segurança, pais e crianças puderam aproveitar brinquedos infláveis e toda a diversão proporcionada pela administração regional da cidade, em parceria com comerciantes locais.
"É um espaço bem bacana. Todo domingo, me perguntam lá em casa que dia vai ser. Então, meu filho fica bastante ansioso, porque ele pode rever os coleguinhas da escola. Além de tudo, é muito saudável para a saúde", diz a jornalista Tatiana Vendramini, 41, moradora do Guará.
A expectativa da administração era receber 10 mil pessoas pós-ressaca de carnaval, mas apenas três mil compareceram. Mesmo com o sol "rachando", quem aproveitou para oferecer produtos para a população foram os artesãos Alba Almeida, 48, e Cláudio Medeiros, 50. Para eles, a programação faz parte de uma vasta possibilidade para a população. "É uma agenda cultural muito legal, porque sempre vem pessoas de outras cidades para aproveitar. Diferente do Eixão, é um espaço que tem sombras e muita variedade de escolhas", contou Alba. "Vale a pena trazer a criançada. É uma pena que só tem essas agendas no último domingo de cada mês", completou Cláudio Medeiros, de olho em novas oportunidades de negócio.
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Festa contagiante
A cultura do Nordeste é parte do Distrito Federal desde sempre. O sotaque arretado, a alegria do povo e o forró que faz qualquer um dançar. Ontem, mais uma vez, essa mistura de elementos se fez presente na Feira Permanente de São Sebastião, com o tradicional projeto Brinque, Cante e Dance — É o Nordeste Itinerante.
Com o intuito de disseminar mais dessa felicidade e forma de se expressar especial, a iniciativa foi uma ótima opção para quem estava de passagem pela feira e, especialmente, para aqueles que estavam com saudade da terra natal. Uma dessas histórias de encontro do acaso foi contada por Sueli Francisca Machado, 42 anos e Marcos Macedo, 44.
O casal, que está junto há dois anos, foi à Feira para fazer a troca de um vestido. Mas, ao ver o forrozinho no local, não tive coragem de ir embora. "Vimos como estava e resolvemos ficar. A sensação de estar aqui é muito boa, nossa mente volta totalmente para o nosso interior", relatam os namorados.
Sueli é natural da Bahia e está na capital federal há duas décadas. Marcos, por sua vez, vive no quadradinho desde 2010, depois de deixar o Maranhão. Ambos estavam felizes, e ressaltaram a importância de trazer mais do Nordeste para um dos lugares onde essa força cultural é tão intensa.
Além dos apaixonados, uma figura dançava entre as pessoas e chamava atenção na tarde de domingo. A dona Fidelcina Moreira de Carvalho, 82 anos, não deixou a idade pesar e caiu no forró. "Minha força ainda continua boa. Em todo o salão que eu estou, as pessoas só começam a se divertir depois que eu vou. E olha que eu ainda estou sem almoço", detalhou em tom descontraído. Mãe de dois filhos, ela é de Minas Gerais e tem dois netos e três bisnetos.
Sobre o projeto
Fomentada pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), a proposta contemplou, desde o dia 24, as cidades do Jardins Mangueiral e do Paranoá, com encerramento em São Sebastião. Um dos responsáveis pela elaboração da ideia, Francisco Assis, 43, frisou a importância de ajudar artistas locais e, principalmente, aqueles que são naturais do Nordeste.
Com 12 grupos musicais e 12 artistas, o objetivo era ajudar na divulgação da cultura nordestina presente na capital, unindo todas as classes sociais e gêneros para um encontro de extrema relevância artística. "Nosso projeto abarca a literatura de cordel e também o repente. Tivemos pelo menos 40 pessoas trabalhando com a gente", disse o produtor cultural.
E um dos encarregados de ajudar na propagação desse patrimônio histórico do país foi o artista Thiago Francisco, 38, do grupo Mamulengo Fuzuê. Ele que atua como bonequeiro e tem uma trajetória de 15 anos, confessou estar emocionado pela carreata feita nas regiões do DF neste início de 2023. "Estar junto com a galera, compartilhar, celebrar é realmente muito bom."
Mesmo tendo nascido em Ceilândia, o berço de ouro do povo nordestino no Distrito Federal fez com que essa paixão pelo sotaque arretado o levasse para o caminho da arte. Ainda que não carregue no DNA origens do Nordeste, leva no coração o afeto pela música, culinária e criatividade, como ele mesmo descreve.
Repentista desde 1989, Cícero Jaime Pedro de Lima, 51, nasceu em Pernambuco e vive da arte há quase três décadas. Ele, que também é violeiro, mora em São Paulo atualmente e veio para o DF somente para participar do projeto. "Vim com o meu trabalho de divulgar a cultura nordestina", completou.
De acordo com o artista, é essencial que ideias como essa continuem a acontecer, pois ajudam na divulgação de trabalhadores que vivem de suas raízes nordestinas para ganhar o pão de cada dia. Além disso, não deixam morrer a cultura mais forte e intrínseca do país.
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