Crime

Mãe denuncia assédio contra filha autista em escola no Guará. "Corriqueiro", diz gestora da unidade

No boletim de ocorrência, mãe diz que a menina de 13 anos foi assediada por três adolescentes que a cercaram e apalparam diversas parte de seu corpo. Vice-diretora do CEF 2 do Guará alega que situação é "normal" na escola e resolve-se com diálogo. SEEDF aciona Corregedoria para investigar omissão da gestão

Amanda Sales
postado em 27/02/2023 19:01 / atualizado em 27/02/2023 19:22
 (crédito:  Fernando Lopes/CB/D.A Press)
(crédito: Fernando Lopes/CB/D.A Press)

A mãe de uma estudante de 13 anos do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 2 do Guará denunciou três colegas por suposta importunação sexual contra sua filha, que é autista. No boletim de ocorrência, ela diz que a menina foi assediada pelos adolescentes, que a cercaram e apalparam diversas partes de seu corpo.

A vítima relatou à mãe que, em 16 de fevereiro, um dos adolescentes se aproximou e a abraçou por trás, passando uma das mãos em seus seios por cima do uniforme e, com a outra mão, a segurava pela cintura. Segundo o relato da menina, ele estava acompanhado de mais dois colegas, que, durante o ato, ficavam zombando e rindo da situação. Segundo a menor, o garoto já fez a mesma coisa em anos anteriores, e que este a ameaçou que, se contasse para alguém, faria coisa pior.

"Situação corriqueira"

No registro da ocorrência, a mãe deu detalhes das medidas após o assédio. Em 17 de fevereiro, ela foi até a Coordenação Regional de Ensino e esteve com a vice-diretora da escola. A gestora informou que registraria o fato em ata e chamaria os três adolescentes, bem como a vítima, para conversarem sobre o ocorrido. A vítima não compareceu a aula e a reunião foi adiada. De acordo com a mãe, a filha recusou-se a ir, alegando que gostaria de mudar de escola.

Em nota, a mãe conta que, ao passar o feriado do carnaval, voltou à escola com o advogado da família para pedir auxílio no sentido de trocar a menina de escola, já que "ela não queria ir de jeito nenhum para o colégio". E continua: “A vice-diretora nos atendeu novamente, alegando a mesma solução de conversa, e ainda deu exemplo de como é a conversa", conta. Segundo a mãe, o teor da abordagem seria algo como: "Fulano, você mexeu com a fulana, você não vai mexer mais. E, fulana, se ele mexer com você de novo, você vem na mesma hora na direção”.

"Alegamos que não se tratava de uma briga de escola, mas sim de assédio e foi quando ela disse que o assédio na escola é corriqueiro e normal e que ela resolveu 90% dos casos com conversa, o que me deixou mais preocupada”, prosseguiu a mãe. 

Sem suporte da escola, a mulher procurou o conselho tutelar do Guará 2 e a Delegacia de Polícia para realizar a ocorrência, com o depoimento da filha. A Regional de Ensino disse a ela que vai procurar uma vaga em outra escola, mas até hoje não entraram em contato. A menina segue sem ir para as aulas.

Em nota, o advogado da vítima, Cássio Thito Alvares de Castro, afirma que o próximo passo é a abertura do inquérito policial para iniciar as investigações. No âmbito administrativo, eles notificaram a escola para dar inicio a transferência da menor para outra unidade. Além disso, confirmam que irão processar a vice diretora por omissão no caso.

De acordo com áudios aos quais o Correio teve acesso, a gestora da escola confirma que "para a escola, a situação é corriqueira, assédio sim com certeza". E ela frisa: "Não é só aqui, são em todas"

O que diz a Secretaria de Educação

A Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informa que vai apurar o caso por meio de processo administrativo no âmbito da Corregedoria do órgão, bem como irá "adotar as providências administrativas para assegurar o melhor atendimento a estudante".

A pasta garante que o caso também será encaminhado à polícia, para "adoção das medidas cabíveis de suas competências". Além disso, também já foi disponibilizada pela Coordenação Regional de Ensino do Guará a mudança de escola da estudante envolvida no caso.

Por fim, o órgão ressalta, ainda, que "repudia qualquer tipo de assédio e reforça o compromisso e empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem como o suporte aos envolvidos".

 

Notícias no seu celular

O formato de distribuição de notícias do Correio Braziliense pelo celular mudou. A partir de agora, as notícias chegarão diretamente pelo formato Comunidades, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp. Assim, o internauta pode ter, na palma da mão, matérias verificadas e com credibilidade. Para passar a receber as notícias do Correio, clique no link abaixo e entre na comunidade: 

Apenas os administradores do grupo poderão mandar mensagens e saber quem são os integrantes da comunidade. Dessa forma, evitamos qualquer tipo de interação indevida.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

CONTINUE LENDO SOBRE