Saúde

Sem gordofobia: por que o excesso de peso está relacionado ao câncer

A obesidade, através do excesso de tecido adiposo é um dos fatores de risco quando falamos no surgimento de diversos de câncer

Ailim Cabral
postado em 04/03/2023 17:21 / atualizado em 04/03/2023 17:21
 (crédito: KGH/Divulgação )
(crédito: KGH/Divulgação )

O Dia Mundial da Obesidade, instituído pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorre anualmente em 4 de março. A data foi criada com o intuito de divulgar informações sobre a condição, a prevenção, e uma das maneiras de diminuir o estigma social que acompanha a doença.

É importante abordar os riscos que a obesidade pode trazer, sendo uma comorbidade que pode favorecer o surgimento de outras doenças, mas também esclarecer que ela é multifatorial, ou seja, causada por uma série de outros fatores que também trazem riscos à saúde.

“A pessoa pode estar acima do peso, mas não é isso, que por si só, vai causar um câncer. A obesidade costuma vir associada a uma série de outros comportamentos que também predispõe a doença, como sedentarismo e alimentação rica em industrializados”, comenta o oncologista do Cettro (Centro Clínico de Câncer de Brasília) e diretor científico do Instituto Unity, Paulo Bergerot.

Com essa ressalva importante, principalmente no combate ao estigma e ao preconceito, Paulo aponta que cerca de 20% de todos os cânceres possuem relação direta com a obesidade. Estudos mostram que 13 tipos de câncer estão ligados ao excesso de gordura corporal, entre eles o câncer de endométrio, sete vezes mais comum em pessoas com obesidade grave e duas a quatro vezes mais comum naquelas com sobrepeso, o adenocarcinoma esofágico, cerca de quatro vezes mais prevalente em pessoas com obesidade grave, e os cânceres gástrico, de fígado, estômago e rim, duas vezes mais prováveis em pessoas com obesidade grave.

Por que a gordura é tão prejudicial?

Como e por que esse excesso se torna um fator de risco no surgimento do câncer? Segundo Paulo, os fatores são múltiplos. Entre eles, o oncologista destaca as inflamações crônicas, um dos principais elementos que facilitam o processo de transformação de uma célula saudável em uma maligna.

Outros fatores que promovem inflamações crônicas são o sedentarismo, o tipo de alimentação, a qualidade do sono e a ingestão de água em quantidade inferior ao necessário. Quando ocorrem essas inflamações, são liberadas no organismo proteínas que promovem desbalanços metabólicos e consequentemente, o possível adoecimento de células.

O tecido adiposo, também produz estrogênio em excesso, o que impacta o funcionamento normal dos órgãos mais sensíveis ao hormônio, como as mamas, o endométrio e o ovário, aumentando as chances desse tipo de câncer. O excesso de gordura promove ainda o aumento na produção de insulina, aumentando o risco de diabetes e de vários tipos de câncer, como intestino e rim.

Outros elementos que unem a obesidade a maiores chances de surgimento de câncer é que as células adiposas promovem a produção excessiva de moléculas que estimulam o crescimento de células aberrantes, as que perdem a capacidade de limitar e controlar o seu próprio crescimento, multiplicando-se rapidamente e sem controle. Em contrapartida, outra molécula, que ajuda o corpo a se proteger e limitar o surgimento de células aberrantes, é menos abundante em pessoas com excesso de gordura.

Imagem tridimensional mostra célula do câncer de mama (E) atacada por três linfócitos do sistema imunológico (D)
Imagem tridimensional mostra célula do câncer de mama (E) atacada por três linfócitos do sistema imunológico (D) (foto: Universidade da Pensilvânia/Divulgação)


Como prevenir

Um dos pontos fundamentais quando se aborda a prevenção de uma doença multifatorial são hábitos de vida saudáveis. De acordo com a OMS, 40% dos casos de câncer poderiam ser evitados se os fatores de risco fossem eliminados pelos pacientes, tais como a má alimentação, o sedentarismo, a ingestão de bebidas alcóolicas e alimentos ultraprocessados, entre outros.

Especialistas e estudiosos da área, ressaltam a importância do desenvolvimento de políticas públicas focadas em orientar a sociedade sobre hábitos alimentares pouco saudáveis, como ingestão de gorduras, açúcares e produtos industrializados em excesso.
Uma dieta considerada saudável é aquela na qual a pessoa tem a orientação de um nutricionista ou nutrólogo, com um cardápio rico em alimentos integrais, frutas, verduras, proteínas de carne branca. Limitar o consumo de carne vermelha, carnes defumadas e processadas, e bebidas açucaradas e alcoólicas em geral, também está entre os pontos de que contribuem para uma alimentação mais adequada.

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