Os indígenas estão espalhados por todo país, inclusive na capital. No Distrito Federal os grupos ficam situados na região do Noroeste, área nobre do Planalto. A aldeia TekoHaw do povo Guajajara, migrou do Maranhão e se instalou no local há 15 anos. Atualmente, 280 pessoas formam 40 famílias que têm lutado para manter vivas a cultura e as tradições nativas. E foi por esse motivo que ontem, celebraram a inauguração de uma escola indígena, a primeira em Brasília e um marco histórico para a aldeia.
A inauguração da escola faz parte das comemorações do Dia dos Povos Indígenas. O local levou cerca de 6 meses para ser construído e foi feito com a técnica tradicional da cultura do povo Guajajara, usando barro batido, madeira e bambu. O local tem uma sala de aula e um espaço para armazenamento de materiais, que também vai abrigar uma biblioteca.
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As crianças que moram no local têm acesso ao ensino de educação regular, oferecido pelo Governo do Distrito Federal (GDF), com um ônibus de transporte que todos os dias passa a 500 metros da aldeia. Mas o povo Guajajara quer que suas crianças tenham acesso ao ensino bilíngue, aprendendo tanto o português quanto a língua nativa dos Guajajara, o 'o ze'egete'. Assim, a cultura se mantem viva, mesmo com o contato com a civilização.
A Guajajara Marivania Lopes, de 23 anos, é mãe do Raruk, de 4 anos, e acredita que a escola será ótima para o filho. "Eu cresci aqui e não tive a oportunidade de ter uma escola indígena, e muitas crianças, inclusive meu filho, estão perdendo sua língua nativa. Eles vão para a escola dos brancos, passam o dia quase todo lá e acabam falando mais o português" avalia a nativa.
Concretização do projeto
O projeto contou com o apoio de grupos de voluntários, que ajudaram a arrecadar recursos e materiais para a construção. Para funcionar oficialmente como unidade de ensino, com o currículo oficial da educação básica, a escola ainda precisa ser reconhecida e cadastrada pela Secretaria de Educação do DF (SEE-DF), para que assim, possa funcionar.
Até o momento, o espaço recebeu apenas oficinas didáticas para as crianças, com voluntários. Como é o caso da Julia Sausmikat, 18, que abraçou o projeto da escola junto à comunidade indígena e coordenou a arrecadação de doações. "Eu fico muito feliz, porque muitas pessoas não tinham fé, eu acreditei desde o início que ia dar certo, e consegui doação de muita gente. É muito gratificante ver que tudo saiu do papel e que essa festa toda hoje é porque deu certo", comemora a voluntária.
O cacique da tribo, Francisco Filho, contou que uma lista com nomes de professores indígenas foi enviada para o GDF, e que espera a autorização da SEE-DF para que a escola comece as aulas do ensino básico. Em média, 80 crianças farão parte do novo colégio. O nativo Guajajara Ashaninka, pede que a SEE-DF os ajude na iniciação do projeto. "Querem (a secretaria) que a gente tenha diploma para ensinar a nossa língua e escrita para os nossos filhos". reivindicou.
Mesmo sem funcionar efetivamente, o cacique Guajajara se alegra em saber que o espaço será usado também para repassar os conhecimentos indígenas. "É uma escola que também vai ensinar a nossa cultura, como plantar, rituais, tradições e escrita. Isso é muito importante porque não temos mais o vovô, que era quem repassava os conhecimentos indígenas para a tribo. Precisamos continuar o trabalho dele" , disse Francisco.
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