INVESTIGAÇÃO

General diz à CPI que nenhuma instituição declarou acampamento ilegal

General Dutra afirmou à CPI que o Exército não recebeu decisões judiciais para a retirada de bolsonaristas do acampamento em frente ao QG

Pablo Giovanni
postado em 18/05/2023 11:09 / atualizado em 18/05/2023 11:49
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que chefiava o Comando Militar do Planalto (CMP) nos atos de 8 de janeiro, disse que “nenhuma instituição disse que era ilegal”, se referindo à ausência de ordens judiciais. O militar afirmou que o Exército tentava desmotivar os golpistas, detalhando que o Exército é uma instituição preocupada com a “dignidade humana”.

À CPI da Câmara Legislativa, o militar afirmou que, como não teve decisões judiciais para desmobilizar o acampamento, assim ficou. “Nenhuma instituição que tinha a obrigação ou o poder, ou a capacidade de dizer que aquele acampamento era ilegal, o fez. Nenhuma instituição disse: ‘esse acampamento é ilegal’. Nós resolvemos estabelecer o que chamamos de estratégia indireta para desmobilizar o acampamento”, disse.

Um vídeo, então, foi exibido na CLDF de um militar, enviado pelo CMP, tentando desmotivar os bolsonaristas. Essa estratégia citada pelo general, segundo o militar, foi reforçada após a diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para ele, as tratativas estavam dando certo. Dutra lembrou que, só após uma decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou o acampamento como golpista.

Na visão dos distritais, o militar, exonerado por Lula em abril, teria protegido golpistas que invadiram os prédios dos Três Poderes durante as tentativas do governo local de desmobilizar o acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército. A área do Quartel-General do Exército é de gestão do CMP.

O general chegou à CPI por volta de 9h30 e a oitiva teve início às 10h. Na CPI, um acordo entre os distritais e o Exército assegura a presença de generais na Casa, mesmo que não sejam obrigados a comparecer — a convocação foi transformada em convite.

Outros generais

Em 1º de junho, a CPI ouve o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). Heleno era considerado por muitos do núcleo do governo anterior como braço-direito do então presidente Jair Bolsonaro (PL). O general e a CPI já chegaram a costurar um depoimento na CLDF, mas ele desistiu após ser orientado pelos advogados a não colocar “mais gasolina”.

Por fim, o general Marco Edson Gonçalves Dias, ou G.Dias, deve ser ouvido pelos distritais em 17 de junho. O general ocupava o cargo de ministro-chefe do GSI durante os ataques do dia 8 e pediu demissão após imagens reveladas pela CNN Brasil mostrarem que estava circulando dentro do Palácio do Planalto durante os atos. A atuação do ex-ministro foi estopim para os distritais aprovarem a convocação do militar.

Apesar de todos estarem convocados, um acordo entre o Exército e os deputados distritais transformou a vinda do trio em convites — quando não são obrigados a comparecer. Uma equipe do Exército compareceu à CPI na última semana, antes do depoimento do empresário suspeito de financiar os atos, Adauto Lúcio Mesquita, inspecionando a Casa e conversando com os parlamentares em cada gabinete. Os militares do Exército pediram que a comissão transformasse as convocações em convite e, com isso, confirmariam a presença dos generais.

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