Recursos públicos

Entrega do crematório de Brasília passa de um ano de atraso

O projeto foi apresentado ainda em 2019, mas segue até hoje sem funcionar. As cremações iriam diminuir a demanda do cemitério de Taguatinga, que tem apenas nove meses de vida útil

Isac Mascarenhas*
postado em 21/05/2023 15:20 / atualizado em 21/05/2023 15:20
 (crédito:  Mariana Lins )
(crédito: Mariana Lins )

Com a promessa de ser o primeiro do Distrito Federal, o crematório da Asa Sul foi anunciado em abril de 2022. Mais de um ano e dois meses depois, o equipamento está pronto para ser usado, mas continua fechado. Ao mesmo tempo, os cemitérios de Brasília estão perto da sua capacidade máxima.

O Correio esteve no local e viu que a fornalha já está instalada no crematório. Parcialmente coberto por lona, é possível ver o aparelho usado para incinerar os cadáveres. Pelo lado de fora, ladrilhos, pintura, janelas e portas estão finalizados. Por dentro, lâmpadas, cerâmicas, bancadas, sinalizações, pias, extintores de incêndio, ar-condicionado também estão no local. Ao todo, o prédio custou R$ 406 mil aos cofres públicos.

Em julho do ano passado, quando o crematório já estava terminado, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) afirmou que ainda faltavam trâmites legais e testes de queima no forno. A previsão de abertura, porém, seria até dezembro.

De acordo com a pasta, os valores dos serviços ainda estão sendo discutidos com a concessionária Campo da Esperança. A Sejus afirma que "trabalha para que o crematório entre em atividade no menor tempo possível", mas não deu previsão de datas. 

"Aguardamos a emissão de licenças necessárias para abertura e funcionamento do crematório de Brasília, que possui obra concluída e também equipamentos e mobiliário", diz a nota. 

Custo 

Sem aparelho de incineração em Brasília, as famílias precisam ir até Valparaíso de Goiás ou Formosa, no Entorno. O valor mais em conta para a cerimônia, sem velório e urna, é R$ 3.450 à vista. Com serviço funerário completo, sai por volta de R$ 7 mil.

Superlotação

Segundo funcionários, a expectativa da concessionária Campo da Esperança é de que, com a inauguração, famílias exumem corpos de parentes enterrados para realizar a cremação. Dessa forma, vagas seriam liberadas e evitaria um possível colapso dos cemitérios. Só em 2022, mais de 12 mil enterros foram realizados no DF.

Hoje, o cemitério de Taguatinga tem capacidade para apenas mais nove meses de sepultamentos. O do Gama e de Planaltina, um ano e nove meses. Quando as vagas se esgotarem, corpos que estão na área social — destinada a pessoas que não puderam comprar jazigos— serão retirados para liberar espaço.

O crematório atenderia a todos os seis cemitérios da cidade. Por isso, a aposta da Sejus é de que, em até cinco anos, 45% dos sepultamentos passem a ser feitos por meio de cremação.

Histórico de atrasos

Demanda antiga da população, a proposta foi apresentada pela Campo da Esperança ao GDF ainda em 2019. Dois anos depois, no auge da pandemia, quando em média 68 pessoas morriam por dia, os cemitérios passaram perto de colapsar. O risco fez com que os planos fossem acelerados e, em outubro de 2021, as obras começaram.

Em abril do ano seguinte, a construção atingiu 90% de execução. O GDF anunciou que futuramente seria aberto, mas sem nenhuma data. Desde então, não há previsão de funcionamento.

O crematório está localizado entre a administração e a floricultura do Campo da Esperança da Asa Sul. Num espaço de 289m², conta com câmara ardente, câmara fria, banheiro, sala de velório e depósito de resíduos. O local segue o projeto de Lucio Costa, que o desenhou em formato octogonal e com janelas em todas as paredes.

* Estagiário sob a supervisão de Suzano Almeida

 

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Vida útil de cada cemitério

  • Taguatinga: 9 Meses
  • Gama: 1 ano e 8 meses
  • Planaltina: 1 ano e 9 meses
  • Asa Sul: 10 anos e 2 meses
  • Brazlândia: 11 anos e 10 meses
  • Sobradinho: 23 anos e 10 meses

Fonte: Secretária de Justiça e Cidadania

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