A defesa do coronel da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Paulo José Ferreira de Souza Bezerreira, apontado em um relatório da Polícia Federal como omisso nos atos de 8 de janeiro, afirmou que a equipe do DOP não recebeu o relatório de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) sobre os atos daquele fim de semana, e quem foram foram repassados informes de que as manifestações seriam de baixa adesão.
Os representantes de Paulo José, em nota ao Correio (leia completa abaixo), explicaram que conforme relatórios confeccionados pelos representantes da PMDF, que estavam na reunião às vésperas dos atos, em 6 de janeiro, em nenhum momento a manifestação foi tratada como risco. Nessa reunião, foi elaborado o Protocolo de Ações Integradas (PAI), na presença de nomes da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP), como o então secretário Anderson Torres, que viajou naquela noite aos Estados Unidos.
Pela PMDF, estavam o responsável pela subseção de Planejamento do DOP no dia e o então comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (1º CPR) Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues — que será ouvido nesta segunda-feira (5/6) na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa (CLDF).
“Em nenhum momento, conforme relatórios confeccionados pelos representantes da PMDF, a possível manifestação foi tratada como de risco. De acordo com a informação do chefe de Planejamento do Departamento de Operações, era um evento até então tratado como de baixa adesão e pouco engajamento dos órgãos de inteligência”, explicaram.
Paulo José afirmou que o departamento de inteligência da SSP-DF não produziu um relatório para subsidiar a tomada de decisões, e que as providências para os atos foram tomadas de acordo com o nível de informação prestado. “No domingo, todas as solicitações de policiamento feitas pelo comandante-geral (coronel Fábio Augusto Vieira), e pelo comandante do 1° Comando de Policiamento Regional — que encontravam-se no local, foram imediatamente atendidas. O coronel Paulo José esteve presente nas manifestações durante todo o período de tomada dos prédios invadidos”, explicou.
O coronel Paulo José era subchefe do DOP e substituía o então comandante do departamento, o coronel Jorge Eduardo Naime — preso desde a quinta fase da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. Naime estava de folga naquele fim de semana e, por isso, a PF creditou a competência da falta de planejamento operacional ao substituto.
“Em relação a matéria intitulada Inteligência da PF aponta que coronel da PMDF foi omisso nos atos de 8/1, a defesa do Cel informa que no dia 06 de janeiro de 2023, na sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP), ocorreu uma reunião para tratar das possíveis manifestações que poderiam ocorrer naquele final de semana. Que compareceram diversos representantes dos vários órgãos envolvidos, dentre estes dois oficiais superiores da PMDF, o comandante do 1° CPR e o chefe da subseção de operações do DOP.
Que em nenhum momento, conforme relatórios confeccionados pelos representantes da PMDF, a possível manifestação foi tratada como de risco, que de acordo com a informação do chefe de Planejamento do Departamento de Operações, era um evento até então tratado como de baixa adesão e pouco engajamento dos órgãos de inteligência.
Assim sendo, houve monitoramento do movimento e conforme os ônibus chegavam, os efetivos eram acrescidos com seus contingentes necessários.
Convém ressaltar que não houve produção de relatório de inteligência para subsidiar a tomada de decisão e que as providências foram tomadas de acordo com o nível de informação prestado e que no domingo, todas as solicitações de policiamento feitas pelo comandante-geral e pelo comandante do 1° Comando de Policiamento Regional, que encontravam-se no local, foram imediatamente atendidas. E que esteve presente nas manifestações durante todo o período de tomada dos prédios invadidos.
Por último, cabe ressaltar que todo o planejamento foi estabelecido nos diversos níveis decisórios, respeitados plano de operação manifestações em vigor na corporação”.
Relatório da PF
Um relatório elaborado pela inteligência da Polícia Federal constatou que houve falta de planejamento operacional da PMDF nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O documento aponta omissão do coronel Paulo José.
“É verossímil acreditar que Paulo José agiu de forma omissa, frente aos crimes praticados no dia do evento, ao não elaborar o planejamento operacional do policiamento ostensivo do Distrito Federal”, cita trecho do documento. O caso foi confirmado pelo Correio.
“A partir de análise efetuada nos materiais apreendidos, é verossímil acreditar na inexistência de um Plano Operacional, cuja elaboração era de competência do CORONEL PAULO JOSÉ, e de Ordens de Serviços”, detalhou a PF.
Para a PF, o acionamento de equipes de reforço ocorreu apenas duas horas depois do início dos atos na Praça dos Três Poderes. A determinação para que as tropas ficassem sobreaviso, às vésperas do ataque, foi do então subcomandante da corporação, Klepter Rosa, atual comandante-geral da PMDF.
As mensagens foram encontradas em aparelhos apreendidos de policiais militares que integram o 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) e do próprio DOP. Em uma delas, Bezerreira encaminhou a mensagem do sobreaviso em um grupo, após determinação de Klepter.
CPI
A oitiva de Paulo José estava marcada para ocorrer nesta segunda-feira (), mas a defesa do oficial apresentou um atestado psiquiátrico e o depoimento foi cancelado, na CPI dos Atos Antidemocráticos.
Tradicionalmente, desde o início da CPI do 8 de janeiro da Câmara Legislativa, os distritais ouvem os depoentes nas quintas-feiras. No entanto, por 8 de junho ser feriado de Corpus Christi, a comissão planejava ouvir Paulo José pela manhã de segunda, e o ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (1º CPR), coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, à tarde.
Com a apresentação do atestado, a CPI definiu que fará apenas uma oitiva nesta segunda-feira (5/6). A mudança, que saiu em edição extraordinária no Diário da Câmara Legislativa, definiu apenas a oitiva de Casimiro, às 14h.
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