estupro de criança

Perfil do monstro: entenda quem é o homem que estuprou menina de 12 anos

Servidor público, Daniel Moraes Bittar, 42 anos, não levantava suspeitas onde morava, na Asa Norte. Calado e introspectivo, surpreendeu a todos ao se revelar um criminoso capaz de violentar sexualmente uma criança, com requintes de crueldade

Júlia Eleutério
Aline Brito
Mila Ferreira
Ana Luiza Moraes*
postado em 30/06/2023 03:55 / atualizado em 30/06/2023 06:45
 (crédito:  Reprodução/ Redes sociais)
(crédito: Reprodução/ Redes sociais)

Longe de suspeitas e se mostrando uma pessoa comum, o pedófilo Daniel Moraes Bittar, 42 anos, era analista de TI e trabalhava no Banco de Brasília (BRB), desde 2015, como servidor concursado. Ele foi demitido nesta quinta-feira (29/6) mesmo.

Daniel chegou a usar as redes sociais para publicar um post contra a pedofilia. "Pintou um clima? Não. Pedofilia é crime, denuncie", dizia a postagem. O criminoso também divulgava, em seu perfil nas redes, as poesias que escrevia e compartilhava uma rotina assídua de leitura. O pedófilo chegou, inclusive, a publicar um livro de contos literários. Na obra, de título Quando o amor bate à porta, o criminoso conta a história de uma mulher e uma criança de 6 anos que têm em comum a história de uma nevasca que muda a vida das duas. Unidas pela dor, elas se unem, por meio de um violino, para superarem o inverno e as tristezas. Daniel é pai de uma menina cuja idade não foi divulgada.

Na banca localizada na entrada da quadra onde mora, o analista de TI sempre comprava seda, item comumente usado para enrolar fumo ou maconha. "Ele sempre caminhava de cabeça baixa, não falava muito com ninguém. Muito esquisito. Não olhava no olho", afirmou um vizinho, que não quis se identificar. Outro vizinho o avaliou como "calmo" e disse que "jamais poderia imaginar que ele seria capaz de fazer uma coisa dessas". Ainda de acordo com vizinhos, ele já morava no prédio há bastante tempo. Segundo as testemunhas, o criminoso vivia em um apartamento de quatro quartos que é de propriedade do pai.

Na tarde desta quinta-feira (29/6), Daniel foi demitido do BRB. O banco informou, em nota, que o vínculo empregatício foi encerrado a partir do momento em que a instituição tomou conhecimento dos fatos.

A cúmplice

Geisy de Souza ajudou Daniel a raptar a criança, dopando a menor e ajudando a colocá-la no carro. A mulher foi localizada na própria casa, na Cidade Ocidental, região do Entorno do DF, e levada para prestar depoimento na 2ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), responsável pela investigação do caso. Geisy também está presa.

Geisy Souza ajudou a dopar e a sequestrar uma criança
Geisy Souza ajudou a dopar e a sequestrar uma criança (foto: Reprodução / Redes sociais)

De acordo com o delegado da 2ª DP, João Guilherme Medeiros Carvalho, ficou comprovado que Geisy fazia uma espécie de intermediação entre Daniel e garotas de programa. "Ela também enviava fotos de nudez a ele em troca de ajuda financeira. A gente constatou o envio de vários Pix dele para ela. Também constatamos que eles já se conheciam há cerca de dois anos e, segundo a versão dela, entre janeiro e fevereiro deste ano ela chegou até a morar na casa do autor", afirmou o delegado. 

Segundo João Guilherme, os depoimentos de Daniel e Geisy coincidem, exceto pela declaração dela de que foi forçada a praticar o crime, perante ameaça de Daniel contra os filhos dela. "Está comprovado que ambos estão realmente envolvidos no crime", disse o delegado. "Ela disse que recebia dinheiro do Daniel devido a fotos de nudez. Tanto ele como ela afirmaram que nunca tiveram relações sexuais, mas o fato é que há transferências em dinheiro dele para ela", acrescentou. "Tanto ela como ele negaram haver outros crimes. Estamos com computadores e celulares apreendidos e vamos aprofundar as investigações para ver se tem algo a mais", finalizou. Geisy está grávida de 6 meses e não revelou quem é o pai.

Repercussão

Para um morador do Jardim Ingá, ouvido pelo Correio, o fato de o parente da vítima ser da polícia influenciou na rapidez da resolução do caso. "Querendo ou não, isso foi primordial. A gente, como civil, se chegar na polícia, não tem esse recurso que ele teve", comentou Márcio. "Tem que esperar 24 horas, para depois consultar, abrir o boletim de ocorrência, jogar para a Polícia Civil. Aí demora demais", relatou o morador. "Graças a Deus, deu tempo de achar ela bem. Mas a probabilidade de não encontrar com vida era muito grande", opinou.

Outro morador da região, pai de um filho pequeno, disse que é uma situação revoltante e que acredita que a criminalidade tem aumentado com o tempo. "Imagina? Seu filho sai para estudar, e aí você recebe uma notícia dessas? Tá louco, né?", indagou.

 


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