Ecoturismo

Saiba quais parques são um refúgio da seca e do caos da vida urbana

O contato com a natureza pode proporcionar benefícios à saúde. Parques do Distrito Federal oferecem cachoeiras, trilhas e paisagens para o corpo e a mente

Ana Luiza Moraes*
postado em 28/07/2023 06:00 / atualizado em 28/07/2023 12:59
 Katia e Rejiane preferem o contato com a mata aos encontros em locais agitados do meio urbano -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Katia e Rejiane preferem o contato com a mata aos encontros em locais agitados do meio urbano - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Desde o início de maio, a população brasiliense sente os efeitos do período da seca, que geralmente ocorre até setembro, com pico nos meses de julho e agosto. Neste mês de junho, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão para a capital do país é a redução das chuvas e a consequente elevação nas temperaturas no decorrer dos dias. Significa que a seca será mais perceptível, e a população pode sofrer com o clima desértico, típico da região Centro-Oeste do país.

Para os brasilienses que querem aproveitar esse calor para conhecer lugares diferentes ou que procuram um refúgio do caos da vida urbana, pode ser difícil acreditar que não é preciso ir muito longe para encontrá-los. Há várias possibilidades de interação e contato com a natureza oferecidas pelo ecoturismo dentro da própria cidade. Trilhas e cachoeiras para conhecer, e quem foi sabe o quanto uma vista bonita e a água no corpo com alguns amigos podem auxiliar a tornar esse período de seca mais agradável.

Jardim Botânico  

Uma das mais populares e de fácil acesso é o Jardim Botânico de Brasília (JBB). Cercado por uma área protegida pela vegetação natural do cerrado, o espaço oferece trilhas interpretativas abertas à visitação pública, jardins temáticos, um orquidário, anfiteatro, jardim sensorial, espaço para piquenique, vários espelhos d'água, além de três restaurantes. O espaço, ainda que próximo ao centro urbano, é uma fuga da correria, com entrada a R$ 5.

As amigas Kátia Lemos, 60 anos, e Regiane Costa, 43, não costumam se encontrar com frequência. Mas quando os horários batem, optam por fazer um programa diferente e que envolva a natureza. "O contato com a natureza, para mim, é a melhor coisa da vida", diz Kátia. "Às vezes, na cidade, a gente não tem tanta oportunidade. E o Jardim Botânico, por exemplo, é dentro da cidade. Aqui a gente vê quase tudo, e bem mais pertinho", completa.

O Jardim Botânico dispõe de cinco trilhas, mapeadas em seus 500 hectares, cada uma com diferentes níveis de dificuldade. Uma das mais famosas é a Trilha Ecológica, com 3,5km de trajeto, que passa pela nascente do Córrego Cabeça de Veado, importante manancial hídrico de Brasília. Com sorte, é possível avistar um tamanduá, tatu ou outro representante da nossa fauna ao passar por ela. Outras trilhas também fazem parte das atrações, com nomes que homenageiam a ancestralidade indígena. 

Aristela Santana, 48, foi aproveitar o dia no JBB para descansar com mais quatro amigas. A multifuncional diz que prefere espaços mais calmos, que têm lugares para sentar e oportunidades para conhecer e ficar na natureza. "A gente costuma fazer com frequência, não só aqui, mas em vários outros lugares, parques e cachoeiras", conta.

  • O Jardim Botânico oferece diversas atrações em meio a natureza, entre elas trilhas interpretativas Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • O Jardim Botânico oferece diversas atrações em meio a natureza, entre elas trilhas interpretativas Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • O Jardim Botânico oferece diversas atrações em meio a natureza, entre elas trilhas interpretativas Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Viva Lago Oeste

Referência na produção bioecológica e orgânica na região, o Lago Oeste promove a sustentabilidade e a cultura. A 22km do Plano Piloto, o Viva Lago tem ganhado maior interesse do público por conta do seu roteiro criado pelos próprios moradores e com pousadas rústicas, ciclovias, restaurantes e cachoeiras, além do turismo de aventura. 

A especialista em clínica médica e residente de medicina preventiva e social Luana Franco é defensora da medicina integrativa. Ela envolve uma série de saberes e ferramentas, como a ayurveda, a chinesa, o reiki, a meditação e a ioga. "Não leva só em consideração o aspecto físico, mas o emocional, o cultural, o ambiental, o mental e o espiritual", detalha.

Segundo Luana, há pesquisas que apontam que o contato com a natureza por mais de 90 minutos com atividades, como caminhadas e banhos de cachoeira promovem mudanças bioquímicas. "O cérebro começa a entrar em uma frequência que se equipara às ondas alfas, que a gente consegue observar nas meditações", esclarece.

Os benefícios vão mais longe ainda, com a redução do cortisol — o hormônio do estresse —, em até 13%, e a ativação do sistema imunológico em 50%. "Esse contato com a natureza é mais do que provado fisicamente. Tem estudos que dizem que isso é uma técnica e, inclusive, para ser usada como prescrição médica. Dentro da medicina integrativa, a gente prescreve esse contato com a natureza. É como se fosse uma sabedoria ecológica."

Pertinho

Um dos locais preferidos do público do DF, o Parque Nacional de Brasília — mais conhecido como Água Mineral — fica a apenas 10km do centro de Brasília. Às margens da Estrada Parque Indústrias e Abastecimento (Epia), ele conta com piscinas de águas naturais e cristalinas. A preservação da região onde ele está localizado permite aos visitantes, quando embrenhados nas diversas trilhas, avistar pássaros raros e animais típicos do cerrado.  

Um costume bem brasiliense, especialmente daqueles que curtem a natureza, é visitar cachoeiras. E para isso, não é necessário ir tão longe, como conta o piloto privado Vitor Dias, 24 anos, que indica o Poço Azul, em Brazlândia. "Lá tem inúmeras cachoeiras e algumas trilhas diferentes, desde a trilha mais fácil, para os que quem tem mais dificuldade, até a mais difícil, para os mais acostumados", diz. "O que me motiva é a energia que o lugar tem, de paz e tranquilidade, e fugir um pouco da rotina", detalha o morador da Asa Norte. 

Cuidados

Com os índices de umidade caindo, o médico Alexander Saliba, especialista em homeopatia, orienta ao aumento do consumo de água ingerida, podendo também ser substituída por água de coco, sucos naturais e chás. Na alimentação, maior quantidade de frutas e verduras e evitar o consumo de alimentos salgados, para evitar a desidratação. Tudo com equilíbrio e sempre com cuidados com a saúde mental. "Você pode estar na floresta mais bonita do mundo. O que vai fazer bem a você é a sua qualidade mental", diz Alexander.

Para aqueles que gostam do contato com a natureza, a Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF) criou o miniguia "Rota do Cerrado", com 12 pontos com informações, fotos e dicas para guiar o passeio.

*Estagiária sob a supervisão de Suzano Almeida

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