Acampamento

Exército admite que não produziu relatórios sobre acampamento no QG

Documento foi entregue à CPMI do 8 de janeiro. Exército disse que não identificou nenhum aspecto que pudesse comprometer a segurança pública do quartel

Pablo Giovanni
postado em 28/07/2023 16:20 / atualizado em 28/07/2023 20:48
Exército disse que acampados não representaram risco para a ordem pública. Posição é diferente da do ex-interventor na área de segurança do DF, Ricardo Capelli -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
Exército disse que acampados não representaram risco para a ordem pública. Posição é diferente da do ex-interventor na área de segurança do DF, Ricardo Capelli - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O Exército Brasileiro informou que não elaborou nenhum relatório de inteligência sobre o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, do Setor Militar Urbano (SMU) — de outubro do ano passado a janeiro deste ano — por manifestantes que protestaram contra o resultado das eleições presidenciais. Uma das justificativas, segundo os militares desta Força Aarmada, foi o fato de o Centro de Inteligência do Exército (CIE) não ter identificado nenhum aspecto que pudesse comprometer a segurança pública do local.

O documento com essa confirmação, foi entregue pelo chefe do gabinete do comandante do Exército, Francisco Humberto Montenegro Júnior, na quarta-feira (26/7), em resposta a um ofício do senador Marcos Rogério (PL-RO), da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro que tinha pedido o envio desses relatórios para a CPMI.

“Nesse contexto, a fim de colaborar com os trabalhos, incumbiu-me o Comandante do Exército de informar que não foram produzidos, pelo CIE, relatórios de inteligência referentes ao aludido acampamento, uma vez que não foram identificados aspectos que pudessem comprometer a segurança orgânica dos aquartelamentos localizados no Setor Militar Urbano”, explica, no texto, o militar.

O senador argumentou, no pedido, considerar "evidente" que a inteligência do Exército tivesse acompanhado todas as movimentações na área, o que, conforme as informações oficiais divulgadas agora, não ocorria de fato.

O acampamento bolsonarista foi iniciado logo após o resultado do segundo turno das urnas, da eleição de 2023. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu derrotado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e manifestantes contrários ao resultado, começaram a acampar em frente aos QG’s do Exército espalhados pelo país. No DF, o acampamento foi desmobilizado em 9 de janeiro, após o fatídico ato de 8 de janeiro, que resultou na depredação de prédios públicos de Brasília. A desmontagem se deu por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Desmobilização

Ao apresentar o relatório sobre os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, o ex-interventor da segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, explicou que dentro do QG, ocorria tudo que é crime. Segundo Cappelli, ocorreram 73 ocorrências registradas pela polícia no local. “Importante registrar a natureza daquele acampamento. Para se ter uma ideia, a nossa polícia registrou 73 ocorrências de roubos e furtos. Foi um ambiente, também, onde circularam criminosos. Todos os eventos, do dia 12 de dezembro, da diplomação; a tentativa de explosão de bomba, de bloqueio do aeroporto, todos passaram, de uma forma ou de outra, por aquele acampamento”, disse.

“O acampamento foi um espaço criminoso, que perturbou a ordem pública no DF durante esses poucos mais de dois meses. Não consistiu num acampamento comum, porque um acampamento comum não tem cozinha montada, infraestrutura de banheiros químicos ou geradores. Tratou-se de uma verdadeira minicidade golpista, terrorista, montada em frente ao QG do Exército na capital do país”, completou Capelli.

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