8 DE JANEIRO

8/1: oficial do Exército justifica discussão com PMs por falta de "coordenação"

O ex-chefe do batalhão encarregado de proteger o Planalto justificou que discussão entre ele e PMs no 8 de janeiro, dentro do Planalto, ocorreu porque os policiais entraram no prédio "sem coordenação prévia" e portando granadas e gás lacrimogêneo

Pablo Giovanni
postado em 29/07/2023 00:41
Vídeo que circulou nas redes sociais após os atos golpistas de 8 de janeiro mostra uma discussão entre PMs e Paulo Jorge, que tentava impedir a prisão dos extremistas -  (crédito: Reprodução/Twitter)
Vídeo que circulou nas redes sociais após os atos golpistas de 8 de janeiro mostra uma discussão entre PMs e Paulo Jorge, que tentava impedir a prisão dos extremistas - (crédito: Reprodução/Twitter)

O oficial do Exército, responsável pelo comando do Batalhão da Guarda Presidencial nos atos de 8 de janeiro, o tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, justificou — por meio de um ofício enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro — que a discussão que teve com policiais militares dentro do Palácio do Planalto, se deu porque os PMs estavam utilizando granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

O vídeo circulou nas redes sociais logo após os atos golpistas de 8 de janeiro. Nele, é possível ver uma discussão entre PMs e Paulo Jorge, que tentava impedir a prisão dos extremistas. “Tá doido? Tá doido? Você tá louco? Tá todo mundo preso. Tá todo mundo preso. Coronel, eles estão presos, coronel”, disse o policial militar.

Além da utilização de granas e gás lacrimogêneo, o coronel também justificou que a equipe da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) entrou no Planalto sem coordenação prévia com a equipe dele, o que teria deflagrado a discussão do vídeo. Para responder o ofício da CPMI, do 8 de janeiro, às Forças Armadas convocou Paulo Jorge para esclarecer, mais uma vez, o que teria ocorrido.

“Após a situação ter sido controlada no interior do Palácio, uma fração da Polícia Militar do Distrito Federal adentrou às instalações sem coordenação prévia com o BGP, utilizando granadas de efeito moral e de gás lacrimogênio. Tal fato deflagrou uma discussão entre o Comandante do BGP e os policiais militares. Posteriormente, a situação foi contornada após um integrante do GSI ter informado que, por ordem do Ministro do GSI, a partir daquele momento, a PMDF passaria a realizar as prisões dos manifestantes que se encontravam no interior do Palácio”, declara trecho do ofício enviado à CPMI.

Após a repercussão negativa do caso, o tenente-coronel deixou o cargo por determinação do general Tomás Paiva. O Batalhão da Guarda Presidencial, em que o militar era chefe, é um dos responsáveis pela segurança da sede do governo federal.

Quando o caso explodiu, o Exército minimizou a ação do militar, esclarecendo que o vídeo havia sido tirado de contexto. À época, o Exército disse que a situação já estava controlada pela própria tropa, e com os manifestantes sob a custódia dos mesmos.

Sem relatórios

O Exército também informou à CPMI do 8 de janeiro que não elaborou nenhum relatório de inteligência sobre o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, do Setor Militar Urbano (SMU) — de outubro do ano passado a janeiro deste ano — por manifestantes que protestaram contra o resultado das eleições presidenciais. Uma das justificativas, segundo os militares desta Força Armada, foi o fato de o Centro de Inteligência do Exército (CIE) não ter identificado nenhum aspecto que pudesse comprometer a segurança pública do local.

O documento com essa confirmação, foi entregue pelo chefe do gabinete do comandante do Exército, Francisco Humberto Montenegro Júnior, na quarta-feira (26/7), em resposta a um ofício do senador Marcos Rogério (PL-RO). “Nesse contexto, a fim de colaborar com os trabalhos, incumbiu-me o Comandante do Exército de informar que não foram produzidos, pelo CIE, relatórios de inteligência referentes ao aludido acampamento, uma vez que não foram identificados aspectos que pudessem comprometer a segurança orgânica dos aquartelamentos localizados no Setor Militar Urbano”, explica, no texto, o militar.

O senador argumentou, no pedido, considerar "evidente" que a inteligência do Exército tivesse acompanhado todas as movimentações na área, o que, conforme as informações oficiais divulgadas agora, não ocorria de fato.

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