Segurança digital

Senhas: confira dicas de como armazenar essas credenciais de forma segura

Seja jovem ou mais velho, quem nunca se esqueceu de alguma chave digital? Especialista sugere ferramentas para gerenciamento que ajudam na gestão de senhas

Suelen Silva já passou aperto por ter esquecido a senha do cartão de crédito -  (crédito: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press)
Suelen Silva já passou aperto por ter esquecido a senha do cartão de crédito - (crédito: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press)
Letícia Mouhamad
postado em 24/08/2023 06:00 / atualizado em 24/08/2023 07:20

Em tempos de biometria e reconhecimento facial, criar senhas alfanuméricas parece, cada vez mais, um hábito do passado. Porém, com a grande quantidade de serviços disponíveis em aplicativos — do banco ao streaming — nem sempre é possível optar por esses recursos de segurança digital mais "modernos" e, então, haja memória para lembrar de tantas senhas.

Assim, há quem escolha o caminho mais fácil: usar o mesmo código para todos os serviços. De preferência, um que seja familiar, para evitar qualquer risco de esquecimento. Mas nem todo mundo confia nessa tática. O aposentado Hélio Tremendani, 70 anos, por exemplo, possui 35 senhas e, sempre que possível, tenta fazer uma combinação diferente, a qual deixa anotada para não esquecer. "Mas, obviamente, sempre esqueço", assumiu, aos risos.

"Às vezes, me esqueço de anotar para não esquecer e, agora, aliás, esqueci a senha que uso para acessar o plano de saúde", disse, com o celular na mão. A responsabilidade de recuperar a conta nos aplicativos sobra para a filha, que se desdobra para tentar descobrir misteriosas senhas dele. "Quando posso, prefiro usar a biometria ou passar o cartão de crédito por aproximação; é muita informação para lembrar", ressaltou o aposentado.

Há alguns anos, quando a possibilidade de fazer pagamentos por aproximação ainda era remota, o jeito era gravar as senhas dos cartões. A estudante de pedagogia Suelen Silva, 40, sabia de cor, por isso, nunca se preocupou em anotar. Certa vez, foi ao mercado fazer compras e, empolgada, encheu o carrinho. Na hora de pagar, deu branco.

"Tentei uma, duas, três vezes. Cartão bloqueado", contou. Atrás dela, havia uma fila enorme de pessoas descontentes com a espera. "Morri de vergonha, porque tive que devolver tudo e ir embora de mãos vazias". Chegando em casa, para a própria surpresa, lembrou-se da senha. "Foi a minha memória pregando peças. Nunca mais voltei àquele mercado", relatou.

  • Narciso Mori se esqueceu da senha para acessar o celular. O aparelho guarda as suas demais credenciais Arquivo pessoal
  • Gabriel Porfírio conta com a biometria e o pagamento por aproximação sempre que pode Letícia Mouhamad/CB/D.A Press
  • Hélio Tremendani possui 35 senhas e, sempre que possível, tenta fazer uma combinação diferente Letícia Mouhamad/CB/D.A Press

Mil e um cadastros

Segundo Lucas Karam, 29, professor e advogado especialista em privacidade e proteção de dados, é praticamente impossível aliar uma segurança eficaz com a nossa memória. "Isso se deve à grande quantidade de cadastros necessários para obter acesso a serviços que facilitam a nossa vida", comenta. No entanto, ele sugere ferramentas de gerenciamento de senhas — também chamadas de cofres de senhas ou geradores de senhas — que auxiliam na gestão dessas credenciais.

Funciona assim: conforme critérios de segurança da informação, o aplicativo cria uma senha forte e única, atualizada constantemente. Esta é armazenada em um cofre com criptografia militar e pode ser consultada pelo nome do site ou do programa desejado. Assim, não é necessário gravar as credenciais, que estão guardadas em um ambiente seguro, e estas serão únicas, não coincidindo com outras senhas que possam ter vazado anteriormente. "É necessário memorizar apenas uma senha, a credencial para abrir o cofre", explica Karam.

Ciladas da tecnologia

Assim como o aposentado Hélio Tremendani, o publicitário Gabriel Porfírio, 27, conta com a biometria e o pagamento por aproximação sempre que pode. "Não lembraria de todas as senhas se não houvesse essa facilidade", pontua. Porém, quando emprestou o cartão de crédito para a amiga usar no mercado, a inovação de concluir as compras em segundos, quem diria, falhou.

E, para piorar, por ter usado tanto a opção da aproximação, ele sequer lembrava a senha numérica do cartão. Foi preciso ligar no banco para impedir qualquer bloqueio em sua conta. Agora, registra todas as credenciais alfanuméricas no bloco de notas do celular. Questionado sobre o que aconteceria se, por acaso, perdesse o aparelho com esses dados, ele foi enfático: "Aí já era, 'ferrou'".

Quem vivenciou uma situação semelhante foi o funcionário público aposentado Narciso Mori, 67. Acostumado a guardar as senhas no bloco de notas do celular, esqueceu-se, certo dia, dos seis dígitos que usa para acessar o aparelho. Por sorte, pode contar com o sistema de reconhecimento facial. Temporariamente. "Quando o dispositivo solicitou novamente a credencial dos seis dígitos, tentei três senhas diferentes e todas estavam erradas. Meu celular foi bloqueado", desabafou.

Há 45 dias, Narciso tenta resolver o problema com a empresa do aparelho, sem êxito. "Primeiro, eles (a empresa) insistiram para que eu provasse que o celular era meu, sendo que tenho todos os registros da compra. Agora, disseram que a solução será resetar os dados do dispositivo, algo que não concordo, pois todas as minhas senhas importantes estão lá", explicou. A lição aprendida, segundo ele, é encontrar locais mais seguros para guardar essas credenciais.

Senhas seguras

Lucas Karam, destaca que, independentemente do recurso utilizado para a criação e a manutenção de senhas, é necessário atenção aos seguintes critérios:

-Comprimento: a senha deve ter pelo menos 12 caracteres.
-Complexidade: combine letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos.
-Evite informações pessoais: não use nomes, datas de nascimento ou palavras comuns.
-Palavras inusitadas e frases: use palavras que não estejam no dicionário ou faça combinações. Uma sequência de palavras aleatórias ou uma frase única são boas escolhas.
-Atualize regularmente: mude suas senhas a cada três meses.
-Evite reutilização: não use a mesma senha em múltiplas contas.
-Geradores de senha: use aplicativos ou ferramentas confiáveis, como Dashlane, 1Password ou LastPass, para gerar senhas fortes e armazená-las de forma segura.

Vale lembrar que senhas fracas podem levar a invasões de contas, roubo de identidade, fraudes, perda financeira e acesso não autorizado a informações pessoais e confidenciais.

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