O indígena bolsonarista José Acácio Serere Xavante, conhecido como Cacique Tserere, ficou 30 dias no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), ele disse que no local tinha “comida pronta” e de graça para os manifestantes.
Aos distritais, o Cacique Tserere disse que, por ser diabético, quem separava o que ele comia era a esposa. “Todo movimento que os índios participam e nós participamos, a comida é de graça (..) Eu não sei quem estava dando, mas tinha comida. O meu foco era participar em democracia, movimento pacífico e democrático”, explicou.
Tserere explicou que cada integrante da família dele pagou, do próprio bolso, R$ 95 cada para vir a Brasília para um “movimento democrático” e ficou hospedado no próprio QG. Uma das linhas de investigação da CPI é desvendar quem financiou a vinda de manifestantes a Brasília, além do funcionamento do QG, principalmente as pessoas que compõem a “máfia do Pix”.
Preso em dezembro
O indígena é apontado como pivô do quebra-quebra no centro de Brasília, em 12 de dezembro do ano passado. O confronto começou depois que a Polícia Federal prendeu o cacique, após ele ter sido identificado como responsável por comandar o grupo de indígenas que invadiu a sala de embarque do Aeroporto de Brasília, ainda em dezembro, além de ameaçar de morte ministros do STF.
"Se os generais não executarem o seu juramento, podem me matar. Mas eu tiro o vagabundo do Alexandre de Moraes na marra. Arranco ele pelo pescoço. Ou pode mandar me prender agora", declarou o cacique, dias antes de ser preso, em dezembro passado.
Na época, um ônibus e carros foram incendiados, além de uma delegacia depredada por manifestantes. Apesar dos estragos, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) não efetuou nenhuma prisão. Em resposta, os oficiais disseram à CPI da CLDF que ninguém foi preso porque estavam priorizando o restabelecimento da ordem — teoria questionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) na denúncia oferecida contra sete PMs.
Em carta, após ter sido preso, Serere pediu desculpas a Moraes e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No recado, o indígena diz que nunca defendeu uma "ruptura democrática" e que não acredita na violência como método de ação política. "Entendo que o amor, o perdão e a conciliação são os únicos caminhos possíveis para a vida em sociedade", escreveu.
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