Parque da Cidade

Bosque do Parque da Cidade terá novo visual, com o plantio de novas árvores

De acordo com a Novacap, no final deste mês, 3 mil mudas de espécies nativas e adaptadas começam a ser plantadas no Parque da Cidade, conferindo nova cara a uma área muito apreciada por moradores e visitantes

Churrasqueiras do Bosque dos Pinheiros no Parque da Cidade antes da remoção das árvores  -  (crédito: Arquivo / CB)
Churrasqueiras do Bosque dos Pinheiros no Parque da Cidade antes da remoção das árvores - (crédito: Arquivo / CB)
postado em 08/01/2024 06:05

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) começou, na semana passada, o replantio de árvores na área onde ficavam os 1.628 pinheiros que foram arrancados, entre os estacionamentos 4 e 5 do Parque da Cidade Sarah Kubitschek. Atualmente, está em andamento o processo de finalização de abertura de buracos para plantio. Até o fim de janeiro, o objetivo é dar início à implantação de cerca de 3 mil mudas, que com o tempo darão novo visual ao parque.

Entre as mudas que serão plantadas, estão espécies de arbóreas, arbustivas, palmeiras e frutíferas. Ipê, copaíba, sapucaia, Gonçalo Alves, landim, oiti, pau-brasil, angico-branco e jabuticaba são algumas delas. Também há a previsão de utilização de arbustos, como helicônias, hibiscos, jasmim, mussaenda e palmeiras diversas.

O presidente da Novacap, Fernando Leite, ressalta que a rearborização da área leva em conta o projeto do paisagista Burle Marx para o Parque da Cidade. "As mudas foram selecionadas considerando a proposta original, bem como a inserção de espécies nativas e outras de interesse paisagístico adaptadas à nossa região e condições", destaca Leite.

A companhia também explica que a recomposição do paisagismo no Bosque dos Pinheiros segue etapas distintas, uma vez que toda a operação envolve um volume considerável de serviços. Primeiro, a retirada dos pinheiros, obedecendo ao plano de supressão, que foi seguido pela limpeza da área com a remoção de troncos e galhos. Agora, são feitas as covas onde serão plantadas as mudas.

"Assim como o plano de manejo foi feito com muita responsabilidade, agora é preciso seguirmos o cronograma de replantio e focarmos no projeto de revitalização do bosque", reforça Todi Moreno, administrador do parque. A Secretaria de Esporte e Lazer do DF também prevê a restauração das churrasqueiras que eram usadas pelos frequentadores em piqueniques.

O estudante de medicina Pedro Henrique Soares, 20 anos, mora em Botucatu (SP), mas sempre vem a Brasília nas férias para visitar parentes e o Parque da Cidade é um passeio obrigatório na capital. "Era um bosque bem bacana, com churrasqueiras. Pena que as novas árvores ainda vão demorar a crescer", lamenta.

Surpresa

Quando chegou com a família próximo ao estacionamento 4 do Parque da Cidade, a aposentada Doralice Santos, 73, se surpreendeu com o espaço totalmente podado. "Me senti triste, porque conheci aqui tudo arborizado e era muito lindo. Há dois anos que viemos aqui para almoçar, fazer piquenique e festas de aniversário. Agora que vim com a minha neta, bateu uma tristeza no meu coração", lamenta a moradora da Candangolândia.

Doralice entende que a revitalização é válida após o caso em que um menino foi atingido por um pinheiro e sofreu parada cardiorrespiratória. "Se forem fazer uma revitalização, uma nova geração vai poder vir e conhecer um parque bonito. Mas me impactou não ter os pinheiros aqui", conclui.

Morador do Lago Norte, o servidor público Henrique Caldas, 47, também teve um dia de passeio pelo Parque da Cidade com o filho Harry Caldas, 7. Ao chegar na área, ele comentou com o menino sobre o local estar com aparência de vazio devido à poda dos pinheiros. Entretanto, ele reconhece que foi necessário o corte das árvores.

"Tinham muitas árvores podres, com risco iminente dos galhos caírem. Agora tem um projeto de longo prazo. Em geral, falta essa visão de plantar árvores do Cerrado, que estão adaptadas ao clima daqui. Então, estão no caminho certo", avalia Henrique.

O servidor público Rafael Medeiros, 44 anos, diz que frequenta o Parque da Cidade há 10 anos e não sente falta dos pinheiros. "Mas tem que ter novas árvores. Sem elas, o calor fica mais intenso", avalia.

Riscos

A área que os pinheiros retirados ocupava tem 6,2 hectares de tamanho, o que corresponde, aproximadamente, a seis campos oficiais de futebol. De acordo com o Governo do Distrito Federal (GDF), muitas delas, que tinham altura média de 27,7 metros, apresentavam risco de queda, rachaduras, buracos, ferimentos, fungos, brocas e cupins.

As análises técnicas afirmam que os pinheiros foram feitos para durar 20 anos no local e muitos tinham 40 anos, além do fato de não serem árvores típicas do Cerrado, com impacto negativo no ecossistema. A extração dos pinheiros teve início em 3 de agosto e foi encerrada em 29 de setembro.

Os mais de 1,6 mil pinheiros retirados foram leiloados pelo GDF. Todo o valor recebido foi convertido para o Tesouro do Distrito Federal. A decisão de retirada das árvores foi tomada em conjunto, pelo grupo de trabalho composto pelas secretarias de Esporte e Lazer do DF (SEL) — que administra o Parque da Cidade — e de Cultura e Economia Criativa (Secec), além da Novacap, responsável pela supressão das árvores e futuro plantio, e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), que elaborou o plano de manejo.

Acidente

No Dia das Mães de 2022, o adolescente Pedro Miguel Rodrigues Cardoso, à época com 15 anos, foi atingido na cabeça por um pinheiro de 20 metros na área onde era o bosque. Com o impacto, o adolescente sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi internado. Pedro Cardoso está tetraplégico e respira com a ajuda de aparelhos, devido ao impacto do acidente.

 


  • Pinheiros do bosque do Parque da Cidade antes da remoção
    Pinheiros do bosque do Parque da Cidade antes da remoção Foto: Material cedido ao Correio
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