Mais de 2 mil brasilienses fizeram ligações clandestinas na rede elétrica do Distrito Federal em 2024. O relatório inédito da Neoenergia mostra ainda que a descoberta dos gatos e a regularização resultaram em um resgate de R$ 2,8 milhões relativos ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que deixariam de ser arrecadados com o consumo irregular de energia.
Os gatos foram responsáveis pelo furto de 86 milhões de kWh de energia em 2024, um aumento de quase 25%, comparado aos 68 milhões de kWh resgatados em 2023. Esse montante é suficiente para abastecer os moradores de Samambaia por um mês inteiro. As regiões administrativas que mais registram o crime são Ceilândia e Taguatinga.
De acordo com a Neoenergia, até junho deste ano, 7.122 clientes foram prejudicados pelos furtos de energia. George Denner, gerente da empresa, diz que 60% dos deles são encontrados na classe residencial, 30% em classes comerciais e os outros 10% são dispersos. “O desafio que temos aqui, são esses grandes consumidores que por vezes são reincidentes. A gente acompanha em tempo real esses clientes comerciais, então conseguimos ver a variação do consumo deles em tempo real”, explica.
Segundo George Denner, no ano passado, foram registradas mais de 350 ocorrências de falta de energia devido a interferência de terceiros ou devido à ligação clandestina. “O cliente, quando ele é reincidente, colocamos uma medição blindada, ou seja, uma medição encapsulada que ninguém consegue acessar. Ela fica lá em cima do poste e isso dificulta qualquer tipo de intervenção daqueles reincidentes”, diz George Denner.
Com o maior número de denúncias, a Neoenergia intensificou as buscas, ocasionando em um resultado maior nos últimos anos. Para comprovar o crime, são utilizadas tecnologias, como drones, georreferenciamento e inteligência artificial, além de uma parceria que existe com as forças de segurança do DF.
Apenas no primeiro trimestre deste ano, as operações da Neoenergia Brasília possibilitaram a recuperação de mais de R$ 200 mil em tributos para o governo. O trabalho de campo abrange residências, estabelecimentos comerciais, industriais e propriedades rurais. Além de aumentar o preço das contas, fazer gato traz riscos à segurança dos envolvidos, podendo gerar choques elétricos, curtos-circuitos, incêndios e explosão de transformadores.
O furto de energia sobrecarrega a rede elétrica com uma carga que não era esperada pelos fabricantes, podendo comprometer a qualidade do fornecimento e causar interrupções. Além disso, existe o perigo para os profissionais do setor elétrico também. As equipes que atuam nas manutenções da rede elétrica podem ser surpreendidas por instalações clandestinas e improvisadas, o que coloca suas vidas em perigo durante o trabalho, sendo mais um motivo de reflexão antes dos moradores realizarem o furto.
George afirma que uma parcela da população não entendeu ainda que o furto de energia é crime, e que traz consequências para a segurança da população. Ele fala que esse é um dos maiores desafios que a empresa enfrenta “No final das contas, todo mundo paga”, adverte. O gerente também confirma que existe um monitoramento das contas de energia, e quando ocorre uma redução brusca do valor, em meses consecutivos, eles investigam o motivo.
Para o gerente, existem cinco pontos principais para denunciar possíveis furtos de energia: a segurança da população, por ser um risco associado à todos os moradores; financeiro, pois os demais brasilienses pagam a conta; a concorrência desleal, principalmente em classe comercial, que fraudam as contas; o recolhimento de imposto, que pode ser reinvestido em serviços públicos essenciais; e por ser crime, motivo de esquecimento de muitos que realizam o serviço.
