Coloridos há 99 milhões de anos

Correio Braziliense
postado em 03/07/2020 21:48
 (foto:  Instituto de Geologia e Paleontologia da Academia Chinesa de Ciências)
(foto: Instituto de Geologia e Paleontologia da Academia Chinesa de Ciências)

Um dos problemas enfrentados na paleontologia é a dificuldade identificar cores em fósseis de insetos, informações que podem revelar detalhes sobre o comportamento desses animais. Uma equipe de pesquisa chinesa fugiu à regra e conseguiu observar a coloração em insetos de 99 milhões de anos. O estudo foi publicado na revista especializada Proceedings of the Royal Society B.
Os pesquisadores analisaram 35 peças de âmbar com insetos preservados, retiradas de uma mina no norte de Mianmar, na África do Sul. “O âmbar é do meio do período Cretáceo, com aproximadamente 99 milhões de anos, que remonta à idade de ouro dos dinossauros. É essencialmente resina produzida por árvores (…) que cresceram em um ambiente de floresta tropical. Animais e plantas presos na resina espessa foram preservados, alguns com fidelidade real”, explica, em comunicado, Cai Chenyang, professor-associado do Instituto de Geologia e Paleontologia da Academia Chinesa de Ciências e um dos autores do estudo.
O raro conjunto de fósseis inclui vespas-cuco com cores verde-azulada, verde-amarelada, azul-arroxeada ou verde metálicas na cabeça, no tórax, no abdômen e nas pernas. A maioria dos insetos estava extremamente bem conservada, e suas cores são quase as mesmas das vespas de hoje. Os pesquisadores também descobriram espécimes de besouros azuis e roxos e uma mosca metálica verde-escura. “A preservação da cor nesses espécimes é a mais extraordinária vista até agora”, diz Chenyang.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores usaram lâminas de diamante para cortar os exoesqueletos de duas vespas em âmbar coloridas. Usando microscopia eletrônica, observaram que a nanoestrutura inalterada dos insetos sugere que as cores preservadas em âmbar podem ser as mesmas que as exibidas no período Cretáceo. Porém, em fósseis que não preservam a cor, as estruturas estavam seriamente danificadas, explicando assim a aparência marrom-preta.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação