Os perigos de expor pacientes a riscos desnecessários à procura de uma saída rápida para a covid-19 foram um dos temas abordados na entrevista desta quinta-feira (6/8) no CB.Saúde. A infectologista Valéria Paes conversou com o jornalista Humberto Rezende sobre o que já se sabe sobre o combate à pandemia e sobre algumas das pesquisas desenvolvidas no momento para lidar com a gravidade da doença.
“A gente oferecer um tratamento para um paciente cuja eficácia ainda não foi comprovada pode trazer riscos para ele, inclusive de eu não prestar atenção em um tratamento que tenha, efetivamente, um benefício. A gente compreende essa busca, no sentido de que é uma nova doença, a gente não tem um medicamento específico ainda que seja ativo contra o vírus. Tenho a sensação de que as pessoas ficam com o sentimento de ‘o que eu vou fazer’”, analisa a médica.
Ela, que é professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB) e médica da linha de frente do combate à pandemia no Hospital Universitário de Brasília (HUB), lembrou que, mesmo para outros vírus em circulação anteriormente, são poucos os medicamentos eficientes.
“Para as doenças virais, de uma forma geral, nós sempre tivemos essa dificuldade. Todo mundo ficava chateado quando ia no pronto socorro o médico falava que era uma virose, muitas vezes não prescrevia o antibiótico, e isso gerava um pouco de insatisfação, mas, na verdade, para as doenças virais os antibióticos não têm uma ação comprovada”, lembra.
As observações são similares ao alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) que afirmou que "bala de prata" contra a covid-19 pode não existir.
Paes destacou que toda a comunidade de pesquisadores da área médica está à procura do medicamento que mostre resultados efetivos no combate ao vírus, especialmente quando dos casos mais graves, que podem levar a óbito. Entretanto, a infectologista lembrou que “o conhecimento científico tem um tempo para ser gerado”, apesar da urgência de uma resposta para a pandemia.
Medidas eficazes
O acesso ao serviço de saúde para avaliar os quadros clínicos foi ressaltado pela professora da UnB como uma das principais formas de evitar o agravamento do quadro. “Principalmente as pessoas que têm comorbidades, que têm alguma doença de idade ou as pessoas mais idosas, elas precisam ter fácil acesso a um médico para avaliar a gravidade e acompanhar de perto”, comentou.
A médica lembrou também que existem pacientes com evolução rápida que, caso deixem para chegar muito tarde ao hospital, podem ter o atendimento comprometido. “Essa doença é uma doença traiçoeira. Os pacientes podem piorar de uma forma rápida. Então, eu acredito que é mais interessante que as pessoas sejam avaliadas e, mais idealmente, sejam acompanhadas de uma forma próxima para que elas sejam atendidas antes desse agravamento mais importante.”
Assista à íntegra da entrevista:
Ouça a entrevista em formato podcast:
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