ESTUDO

Corticoides contra casos graves de covid-19 salvarão vidas, diz especialista

O Dr. Djillali Annane é coautor de um dos 7 estudos que confirmaram a eficácia dessas drogas e que foram publicados em 2 de setembro em revista americana

Agência France-Presse
postado em 08/09/2020 09:57 / atualizado em 08/09/2020 09:57
 (crédito: Cadu Gomes/CB/D.A Press)
(crédito: Cadu Gomes/CB/D.A Press)

Paris, França — A eficácia comprovada dos corticoides para casos graves da covid-19 representa uma "reviravolta importante" e "salvará vidas" em países ricos e pobres, disse à AFP um proeminente especialista e coautor de um estudo sobre o assunto.

O Dr. Djillali Annane, chefe do serviço de terapia intensiva e reanimação do hospital Raymond Poincaré de Garches, a oeste de Paris, é coautor de um dos 7 estudos que confirmaram a eficácia dessas drogas e que foram publicados em 2 de setembro na revista americana Jama.

Pergunta: Como a demonstração da eficácia desses corticoides em certos pacientes influencia o futuro imediato?

Resposta: "É uma reviravolta importante por vários motivos. Em primeiro lugar, porque é o primeiro tratamento que demonstrou ter um efeito benéfico na sobrevivência, com um nível de certeza muito elevado, apoiado por vários ensaios clínicos realizados nos cinco continentes.

Em segundo lugar, esse tratamento não é benéfico apenas para pacientes gravemente enfermos em reanimação, mas também para aqueles que estão em oxigênio (...) O tratamento pode justamente prevenir o agravamento do estado destes últimos.

Terceiro, nos ensaios clínicos publicados até agora, nenhum elemento preocupante sobre eventuais complicações foi detectado.

Em quarto lugar, e talvez a melhor notícia, é que esse tratamento não é caro. Custa entre 10 e 40 euros (11,8 e 47,3 dólares) para tratar um paciente e está disponível em todo o mundo, em países pobres e ricos. É um tratamento que pode salvar vidas na África e na América Latina, bem como em Nova York, Paris e Tóquio".

P: Como os corticoides atuam?

R: "A cortisona é usada por milhões de pessoas há 70 anos. É um medicamento que atua na redução da inflamação, independentemente de sua origem. No mundo, milhões de pessoas com asma ou com reumatismo articular tomam corticoides todos os dias.

Os corticoides não agem diretamente sobre o coronavírus: previnem a inflamação que o vírus produz ou, se essa inflamação já tiver surgido, diminui a intensidade e diminui a duração.

Mas não é um tratamento preventivo, você não deve tomar se não apresentar sintomas".

P: Fala-se muito sobre a dexametasona: é o único corticoide eficaz no tratamento da covid-19?

R: "Não, o interessante é o tipo de corticoide. A cortisona é um hormônio natural que nosso corpo produz. A dexametasona é uma molécula sintética desse hormônio natural. Mas existem outras moléculas: a hidrocortisona, que é natural, metilprednisolona, betametasona, etc.

O importante é que o fato de existirem várias moléculas reduz o risco de escassez global. Se os efeitos fossem alcançados apenas com a dexametasona e não com outros corticoides, teríamos o temor de uma avalanche mundial de demandas que poderiam ter nos deixado sem".

 

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