Saúde Mental

Abuso de álcool e drogas aumentou na pandemia, diz especialista

A psicóloga e diretora de Atenção à Saúde da Comunidade da UnB, Larissa Polejack, explica alguns dos impactos psicológicos causados pela covid-19 que já são sentidos pela população

Jéssica Gotlib
postado em 10/09/2020 17:57 / atualizado em 10/09/2020 17:57
Doutora em psicologia, Polejack tem observado as demandas da população na área de saúde mental durante os seis meses de pandemia -  (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
Doutora em psicologia, Polejack tem observado as demandas da população na área de saúde mental durante os seis meses de pandemia - (crédito: Ana Rayssa/CB/D.A Press)

A pandemia já deixou marcas na saúde mental das pessoas. Pelo menos é isso que observa a psicóloga e diretora de Atenção à Saúde da Comunidade da Universidade de Brasília (UnB), Larissa Polejack. Ela falou ao CB.Saúde — uma parceria do Correio com a TV Brasília —, nesta quinta-feira (10/9), sobre as consequências psicológicas do momento em toda a população. Observando as demandas recebidas pelos serviços de saúde mental com os quais tem contato e pesquisas já publicadas por outras instituições, Polejack notou que existem alguns padrões.

“A gente tem identificado o uso abusivo de álcool e outras drogas, isso ao longo de toda a pandemia”, exemplificou. A pesquisadora disse também que, recentemente, a comunidade acadêmica começou a buscar mais ajuda para lidar com o medo provocado pelo retorno às atividades. “Nas últimas três, quatro semanas, a gente tem identificado um aumento na demanda por atendimento psicológico com as principais queixas: ansiedade, depressão, receio dessa volta — porque a UnB teve uma retomada das aulas, mesmo que remota —, então tem o medo de não dar conta.”

Fora do ambiente universitário, as pessoas também têm necessitado de auxílio psicológico. “O que a literatura de pesquisas realizadas fora do país tem mostrado é esse aumento de ansiedade, depressão e algumas pessoas já experienciando alguns de estresse pós traumático: dificuldade de sono, ansiedade exacerbada...”, citou.

Para ela, o prolongamento da crise foi um agravante importante. “As pessoas tinham uma certa expectativa de que isso fosse durar pouco tempo. Uma coisa é eu me organizar para um mês, dois meses e pronto, passou”, comentou. “A gente vai vendo uma curva que a pandemia tem feito, principalmente no Brasil, que não está passando. A gente está vivendo um grande platô. (...) Isso vai dando para as pessoas a sensação de que nunca vai ter fim”, colocou.

Estudo

Para entender o que pode ser feito para que todos lidem melhor com esse cenário, a UnB, assim como outras instituições, conduz pesquisas sobre a saúde mental da população em meio à pandemia. Uma delas, segundo a diretora de Atenção à Saúde, acabou de ser aprovada pelo conselho de ética e está para ter os resultados divulgados para a população.

“Nesse momento, é muito importante que nosso foco seja no fortalecimento de recursos para a gente ir conseguindo manejar e dar conta dos desafios que a pandemia nos trouxe”, diz, detalhando que os dados obtidos serão utilizados para identificar ferramentas que possam fortalecer as redes de apoio à saúde mental, além dos fatores de risco. Para este estudo, a UnB ouviu apenas membros da comunidade acadêmica — docentes, técnicos, estudantes de graduação e de pós-graduação.

Assista à entrevista completa:

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