Pesquisa

Usar máscara poderia evitar 130 mil mortes nos EUA, aponta estudo

De acordo com o cenário considerado mais plausível pelos pesquisadores, mesmo que os governos locais mais uma vez reduzissem as interações sociais e a vida econômica após um certo patamar de mortalidade, os Estados Unidos chegariam a 511.000 mortes por covid-19 até o final de fevereiro

Agência France-Presse
postado em 23/10/2020 19:03
 (crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)
(crédito: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O balanço da pandemia da covid-19 ainda pode dobrar suas cifras nos Estados Unidos até o final de fevereiro, ultrapassando 500 mil mortes, mas o uso de máscaras tem o potencial de prevenir 130 mil óbitos, concluem projeções publicadas nesta sexta-feira (23).

De acordo com o cenário considerado mais plausível pelos pesquisadores, mesmo que os governos locais mais uma vez reduzissem as interações sociais e a vida econômica após um certo patamar de mortalidade, os Estados Unidos chegariam a 511.000 mortes por covid-19 até o final de fevereiro.

No entanto, se 95% da população de cada estado usasse sistematicamente uma máscara protetora na presença de outras pessoas, esse saldo poderia ser reduzido em quase 130 mil pessoas, de acordo com as previsões do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME).

E se o uso da máscara só fosse respeitado por 85% das pessoas, 95 mil vidas poderiam ser salvas, completaram os pesquisadores em seu artigo, publicado na revista Nature Medicine.

"Está se tornando cada vez mais claro que as máscaras reduzem significativamente a transmissão de vírus respiratórios como o SARS-CoV-2, limitando assim a disseminação da covid-19", enfatizam os autores do estudo.

Em setembro, cerca de 50% dos habitantes dos Estados Unidos declararam usar máscara, apesar das ressalvas de alguns políticos quanto à sua eficácia.

O presidente Donald Trump quase nunca usa máscara em público, costuma zombar da atitude inversa do candidato democrata à presidência, Joe Biden, e poucos de seus apoiadores usam a máscara durante seus comícios eleitorais.

Desde janeiro, o novo coronavírus contaminou pelo menos 8,3 milhões de pessoas nos Estados Unidos e matou 223.000.

O país também registra um agravamento da pandemia antes do inverno, com 75 mil novos casos detectados na quinta-feira, quase o dobro dos níveis registrados há um mês.

Para prever o que vai acontecer nos próximos meses, os epidemiologistas do IHME cogitam três cenários possíveis.

No primeiro, tido como pouco provável, os estados continuarão a suspender progressivamente as atuais restrições ao deslocamento e às relações sociais. Se assim for, em 28 de fevereiro, o número total de mortes por covid-19 ultrapassaria um milhão, enquanto 152 milhões de pessoas (45% da população) teriam sido infectadas, acreditam os especialistas.

É mais realista, porém, esperar que os estados restabeleçam, ao contrário, as medidas tomadas para a primeira onda. Mesmo com esse "cenário de referência", o saldo total da epidemia chegaria a 511.000 mortes e 72 milhões de infecções até o final de fevereiro, acrescentou o estudo.

No terceiro cenário, se 95% da população adulta usar máscara, "129.574 vidas poderiam ser salvas" de 22 de setembro a 28 de fevereiro, conclui o estudo.

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