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Nave japonesa retorna à Terra transportando amostras de asteroide

Cientistas esperam que o material, 100 miligramas de partículas, possa ajudar a desvendar os mistérios que envolvem a origem da vida e da formação do Universo

Agência France-Presse
postado em 05/12/2020 18:13
 (crédito: JIJI PRESS)
(crédito: JIJI PRESS)

Uma nave japonesa retornou na madrugada deste domingo (6/12) à Terra, transportando amostras de um asteroide. Cientistas esperam que o material, 100 miligramas de partículas, possa ajudar a desvendar os mistérios que envolvem a origem da vida e da formação do Universo.

A entrada da pequena cápsula na atmosfera terrestre foi considerada espetacular, traçando um arco durante a noite, que pôde ser registrado por câmeras na Austrália, onde pousou em uma área isolada, após se desprender da nave japonesa Hayabusa-2. Ela entrou na atmosfera por volta das 2h30 do Japão (17h30 GMT), como uma bola de fogo.

"Seis anos depois, enfim retorna à Terra", narrou um funcionário do programa espacial japonês ao vivo, enquanto outros festejavam, emocionados, na sala de controle.

As amostras do asteroide Ryugu (que evolui a cerca de 300 milhões de quilômetros da Terra) foram colhidas durante duas fases cruciais da missão da Hayabusa-2, no ano passado. A nave pôde colher poeira da superfície e, posteriormente, material do interior do Ryugu, capturado a partir do disparo de um projétil.

Os cientistas acreditam que esse material não mudou desde a formação do Universo. Já planetas, como a Terra, e outros corpos celestes sofreram alterações profundas ao longo da História, tanto em sua superfície quanto em seu interior, basicamente através de grandes processos de aquecimento.

"Quando se trata de planetas menores ou asteroides, essas substâncias não se fundiram, portanto acreditamos que, ali dentro, havia substâncias de 4,6 bilhões de anos atrás", explicou o diretor do projeto,

Amostras serão enviadas ao Japão 

Protegidas da luz do sol e da radiação no interior da cápsula, as amostras serão tratadas e enviadas de avião para o Japão. Metade do material será dividido entre a Jaxa, a Nasa e organizações internacionais, e o restante será conservado para estudos futuros, à medida que a tecnologia de análise avançar.

"Talvez possamos obter substâncias que nos darão indícios sobre o nascimento de um planeta e a origem da vida", indicou Yoshiwaka.

Missão da Hayabusa-2 continua 

A Hayabusa-2 ainda não encerrou sua missão, que teve início em dezembro de 2014. Após enviar essas amostras, a nave fará uma série de órbitas em torno do Sol durante seis anos, para registrar dados sobre a poeira no espaço interplanetário e observar exoplanetas.

Em julho de 2026, a nave irá se aproximar do asteroide 2001 CC21, que os cientistas esperam que possa ser fotografado "passando a grande velocidade". Em seguida, ela se dirigirá a seu alvo principal: o asteroide esférico de 30 metros de diâmentro 1998 KY26. Quando a nave o alcançar, em julho de 2031, ele estará a cerca de 300 milhões de quilômetros da Terra.

A Hayabusa-2 irá fotografar o asteroide, mas é pouco provável que pouse sobre o mesmo e recolha amostras, uma vez que não irá dispor de combustível suficiente para retornar à Terra.

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