Microplásticos

Ostras entre os mais contaminados

Correio Braziliense
postado em 22/12/2020 22:50
 (crédito: Luis Acosta/AFP - 8/6/20)
(crédito: Luis Acosta/AFP - 8/6/20)

Mexilhões, ostras e vieiras têm os maiores níveis de contaminação microplástica entre os frutos do mar, revela um novo estudo publicado na revista Environmental Health Perspectives. A pesquisa — liderada por cientistas da Universidade de Hull, nos EUA — analisou mais de 50 estudos entre 2014 e 2020 para investigar os níveis de contaminação de resíduos plásticos globalmente em peixes e crustáceos.

Os cientistas ainda estão tentando entender as implicações para a saúde dos seres humanos que consomem peixes e crustáceos contaminados com essas partículas minúsculas de plástico, que chegam aos cursos d’água e oceanos por meio da má gestão de resíduos. “Ninguém ainda entende completamente o impacto total dos microplásticos no corpo humano, mas as primeiras evidências de outros estudos sugerem que eles causam danos”, diz um dos autores, Evangelos Danopoulos. “Uma etapa crítica para entender o impacto total sobre o consumo humano é primeiro estabelecer completamente quais níveis de microplásticos as pessoas estão ingerindo. Podemos começar a fazer isso observando quantos frutos do mar e peixes são consumidos e medindo a quantidade de MPs nessas criaturas.”

O estudo mostra que o conteúdo de microplásticos era de 0-10,5 microplásticos por grama (MPs/g) em moluscos, 0,1-8,6 MPs/g em crustáceos, 0-2,9 MPs/g em peixes. Os dados de consumo mais recentes da pesquisa mostram que China, Austrália, Canadá, Japão e Estados Unidos estão entre os maiores consumidores de moluscos, seguidos pela Europa e pelo Reino Unido. Os moluscos coletados na costa da Ásia foram os mais contaminados, com pesquisadores sugerindo que essas áreas são mais poluídas por plástico.

“Os microplásticos foram encontrados em várias partes do organismo, como os intestinos e o fígado. Espécies de frutos do mar como ostras, mexilhões e vieiras são consumidas inteiras, enquanto em peixes maiores e mamíferos apenas algumas partes são consumidas. Portanto, entendendo a contaminação microplástica de partes específicas do corpo e seu consumo por humanos é a chave”, destaca Evangelos Danopoulos.

Prevê-se que o lixo plástico gerado em todo o mundo triplicará por ano, até 2060. Uma vez que o plástico chegue a oceanos, lagos e rios, ele tem o potencial de acabar como microplástico dentro de moluscos, peixes e mamíferos marinhos. A pesquisa aponta para a necessidade de padronizar os métodos de medição da contaminação microplástica para que diferentes medições possam ser comparadas mais facilmente. Os pesquisadores disseram que são necessários mais dados de diferentes partes do mundo para entender como a questão varia entre os diferentes oceanos, mares e vias navegáveis.


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