Com a chegada da vacina da covid-19, autoridades mundiais e especialistas na área de saúde têm se dedicado ao desenvolvimento de estratégias de imunização para toda a população. Diante da alta demanda de imunizantes e da pequena quantidade de doses disponíveis, esse processo se tornou ainda mais complicado. Pesquisadores americanos sugerem, em um artigo na revista Science, protocolos que podem ser adotados nas campanhas e, consequentemente, aumentar as chances de contenção da pandemia.
A equipe analisou planos distintos de vacinação, tendo como base dados de oito países — Estados Unidos, Bélgica, Brasil, China, Índia, Polônia, África do Sul e Espanha — e levando em consideração também a disponibilidade e a eficácia dos imunizantes. Cinco cenários foram avaliados, com perfis distintos de pessoas com prioridade para a imunização: crianças e adolescentes, adultos de 20 a 49 anos, adultos com 20 anos ou mais, adultos com 60 anos ou mais e imunização da população, independentemente da idade, até que o estoque acabasse.
O estudo mostrou que, em quase todos os cenários analisados, iniciar a aplicação das doses pelos idosos é a estratégia com mais chances de resultados positivos. “A idade é o indicador mais forte de vulnerabilidade”, enfatiza, em comunicado, Daniel Larremore, pesquisador do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Pesquisa BioFrontiers e um dos autores do estudo.
Vulneráveis
Segundo o pesquisador, embora condições preexistentes, como a asma, aumentem o risco de doença grave ou morte, a idade aumenta ainda mais a vulnerabilidade ao novo coronavírus. “Você tem uma probabilidade exponencialmente maior de morrer de covid-19 à medida que envelhece”, frisa.
Os autores também observam que, embora se acredite que as vacinas distribuídas tenham de 90% a 95% de chance de proteção contra doenças graves, ainda não se sabe quão bem elas bloqueiam a infecção e a transmissão do vírus. Se não bloquearem bem e os disseminadores assintomáticos forem abundantes, novamente, ressaltam os cientistas, faz mais sentido vacinar os adultos mais velhos.
“Apenas em cenários em que o vírus está sob controle e a vacina é conhecida por bloquear bem a infecção e a transmissão, faz sentido colocar os adultos mais jovens na linha de frente”, relatam. Os autores do artigo sugerem ainda que, se a vacina usada for menos eficaz em adultos mais velhos, a prioridade pode ser dada a grupos de idades mais jovens.
Mais uma indicação é que, no caso de doses limitadas de vacinas, deve-se priorizar pessoas que não tiveram a doença, pois devem estar mais vulneráveis ao vírus. “Outras considerações são cruciais, características de cada país, como disparidades no acesso à saúde, incluindo, aí, a vacinação, que pode variar até em cada bairro”, ponderam.
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