Girafas fêmeas adultas que vivem em grandes grupos têm maiores chances de sobrevivência do que indivíduos socialmente isolados. Foi o que descobriu uma equipe de cientistas liderada por Monica Bond, pesquisadora associada do Departamento de Biologia Evolutiva e Estudos Ambientais da Universidade de Zurique (UZH), que estudou esses animais na Tanzânia por cinco anos. Os biólogos examinaram os efeitos relativos da sociabilidade, do ambiente natural e dos fatores humanos na sobrevivência do mega-herbívoro. O artigo foi publicado na revista Proceedings of the Royal Society B.
As formações de grupos de girafas são dinâmicas e mudam ao longo do dia, mas as fêmeas adultas mantêm muitas amizades específicas a longo prazo. “Agrupar-se com mais fêmeas, um comportamento gregário, está correlacionado a uma melhor sobrevivência das girafas fêmeas, mesmo que a participação no grupo esteja mudando com frequência”, diz Bond. “Esse aspecto da sociabilidade das girafas é ainda mais importante do que os atributos de seu ambiente não social, como vegetação e proximidade de povoados humanos.”
Além da caça furtiva, as principais causas da mortalidade de girafas fêmeas adultas são, provavelmente, doenças, estresse ou desnutrição, todos fatores interligados. “As relações sociais podem melhorar a eficiência do forrageamento e ajudar a controlar a competição intraespecífica, a predação, o risco de doenças e o estresse psicossocial”, afirma a professora Barbara König do UZH, autora sênior do estudo.
As girafas fêmeas podem procurar e se juntar a um número ótimo de outras fêmeas para compartilhar e obter informações sobre as fontes de alimento da mais alta qualidade. Outros benefícios de viver em grupos maiores podem ser a redução dos níveis de estresse, reduzindo o assédio dos machos, cooperando no cuidado de jovens ou experimentando benefícios fisiológicos por estar perto de conhecidas.
A equipe documentou os comportamentos sociais das girafas selvagens em liberdade usando algoritmos de análise de rede semelhantes aos usados por plataformas de mídia social de big data. De acordo com os resultados, esses animais são surpreendentemente semelhantes, em seus hábitos sociais, aos humanos e a outros primatas, para os quais uma maior conexão social oferece mais oportunidades. Os chimpanzés e gorilas, por exemplo, vivem em comunidades em que os laços entre muitos indivíduos facilitam a flexibilidade das estratégias de alimentação. “Parece ser benéfico para as girafas fêmeas se conectar com um número maior de outras fêmeas e desenvolver um senso de comunidade maior, mas sem um forte senso de afiliação exclusiva a um subgrupo”, acrescenta Monica Bond.
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