Pandemia

Covid-19: cada pessoa infectada representa mais uma chance de mutação

Médico Luciano Lourenço diz que é preciso tomar cuidado com a ideia de ‘se infectar logo para ficar livre’ do coronavírus, uma vez que esse comportamento pode originar novas cepas

Jéssica Gotlib
postado em 25/02/2021 15:36
Médico explica que novas cepas do coronavírus podem comprometer mais diferentes órgãos, como coração e fígado, além do pulmão -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
Médico explica que novas cepas do coronavírus podem comprometer mais diferentes órgãos, como coração e fígado, além do pulmão - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

As novas variantes do coronavírus podem oferecer riscos ainda desconhecidos para os cientistas e, por isso, a contaminação deve ser evitada ao máximo, em vez de naturalizada. O alerta foi dado no CB.Saúde — parceira do Correio com a TV Brasília —, pelo clínico geral e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia Sul, Luciano Lourenço.

“Cada pessoa que se infecta é uma possibilidade a mais desse vírus conseguir uma mutação. A mutação acontece dentro do organismo de alguém. Essas variantes aconteceram porque muitas pessoas foram contaminadas e algumas, por algum motivo (isso não é completamente claro), conseguem fazer radicais, mutações em que ficam diferentes do vírus anterior. E isso ainda é muito novo”, detalhou em entrevista nesta quinta-feira (25/2).

Segundo ele, além de alguns fatores já comprovados, como a transmissibilidade maior no caso da variante britânica, por exemplo, os cientistas ainda estudam outras consequências do aumento de cepas em circulação.

“A gente tem aí cepas em praticamente todos os países do mundo mostrando uma mutação em relação à variante inicial e consequentemente você pode ter cepas que tem um acometimento um pouco mais cardiológico, um pouco mais cerebral, um pouco mais pulmonar. É algo que a gente está observando ainda com muita preocupação”, salientou.

De acordo com o médico, o problema das mutações é similar ao desafio enfrentado desde o início da pandemia: o número de hospedeiros do vírus. “A raiz desse problema é as pessoas se infectarem. Às vezes a gente vê aquele discurso ‘ah, eu estou louco para me infectar logo por esse vírus para ficar livre disso’. Muito cuidado com isso”, alertou.

Lourenço ainda fez questão de destacar algo que pode ser óbvio para uma parcela da população: “O ideal é você não se infectar e tomar a vacina para que você tenha essa produção de anticorpos de uma forma muito mais controlada”, frisou. E seguiu complementando a explicação: “Quando a gente se infecta, abre margem para um quadro um pouco mais severo e de ainda gerar mutações dessa cepa inicial”.

Confira a entrevista completa em vídeo:

 

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