SAÚDE

Covid-19: estudo brasileiro confirma que comorbidade deixa idoso mais vulnerável

Constatou-se que os idosos apresentaram níveis mais elevados de dois marcadores sanguíneos, as citocinas IL-10 e IL-6 , em comparação aos pacientes com menos de 65 anos

Correio Braziliense
postado em 19/03/2021 06:00
 (crédito: Tiziana Fabi/AFP)
(crédito: Tiziana Fabi/AFP)

Um estudo brasileiro revela que comorbidades comuns, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, são especialmente relevantes para o agravamento da covid-19 em pessoas idosas. Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em São Paulo, chegaram a essa conclusão após avaliar dados de 142 pacientes internados no hospital da instituição de ensino. As conclusões do trabalho devem ser divulgadas na revista especializada Cytokine nos próximos dias, de acordo com os autores.

Na investigação, os especialistas analisaram as amostras de sangue dos pacientes — todos eles hospitalizados entre os meses de julho e outubro de 2020. Os pesquisadores buscaram marcadores sanguíneos de inflamação e gravidade da covid-19 presentes no plasma, considerando também na investigação a faixa etária e a presença de comorbidades.

Constatou-se que os idosos apresentaram níveis mais elevados de dois marcadores sanguíneos, as citocinas IL-10 e IL-6 , em comparação aos pacientes com menos de 65 anos. De acordo com os cientistas, ao contrário do IL-10, os níveis mais altos do IL-6 não estão diretamente associados à idade avançada. Dessa forma, os dados mostram que o índice de comorbidade está significativamente relacionado aos níveis expressivos de IL-6 em pessoas com 65 anos ou mais.

“O estudo traz novas evidências de que a resposta inflamatória desbalanceada parece ocorrer mais em função do número de comorbidades do que da idade em si”, enfatiza, em comunicado, Henrique Pott-Junior, professor da Faculdade de Medicina da UFSCar e um dos autores do estudo.

Citocinas em excesso

A produção descontrolada de citocinas, chamada tempestade de citocinas, tem sido identificada em cerca de 20% dos infectados pelo novo coronavírus e, frequentemente, está associada ao agravamento da doença e a um maior risco de morte, lembram os autores. “Nosso estudo vem se juntar a outros indicando o papel dos níveis de IL-6 e IL-10 como preditores de gravidade da doença e, também, de mortalidade. No entanto, a maior parte das pesquisas não faz essa análise de possíveis fatores que intervêm nessa relação, como idade, gravidade da doença e, especialmente, comorbidades”, frisa Pott-Junior.

Apesar dos dados obtidos, os cientistas observam que mais pesquisas são necessárias para confirmar as conclusões do trabalho. Para eles, com os dados atuais é possível considerar que duas citocinas estudadas — a IL-6 e a IL-10 — poderão ser usadas para predizer a gravidade da covid-19.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação