Um dia depois de divulgar dados sobre a vacina de mRNA em adolescentes, o consórcio Pfizer-BioNTech distribuiu um novo comunicado — dessa vez, com resultados da terceira fase do estudo clínico, de sete dias até seis meses após os participantes receberem a segunda dose do imunizante. De acordo com a nota, até 13 de março, foram observados 927 casos sintomáticos confirmados da covid-19, sendo que, desses, 850 correspondem ao grupo placebo e 77, ao braço que recebeu a substância BNT16b2. Isso significa que a eficácia é de 91,3%.
Os dados referem-se a 46.307 participantes, incluindo 800 na África do Sul, onde a cepa B.1.351 é dominante. No país africano, 800 participantes foram inscritos no ensaio clínico. Desses, nove tiveram covid-19, mas todos estavam no grupo placebo, o que indica 4 eficácia de 100%. Segundo o comunicado, em uma análise exploratória, as nove variantes foram sequenciadas e seis eram da linhagem B.1.351. “Esses dados suportam resultados anteriores de estudos de imunogenicidade, demonstrando que a vacina induziu uma resposta robusta de anticorpos neutralizantes para a variante B1.351 e, embora inferior à cepa de tipo selvagem, não afetou a elevada eficácia observada contra essa variante”, diz o texto.
Cautela
A Pfizer e BioNTech também afirmaram que “nenhuma preocupação séria de segurança foi observada nos participantes do ensaio até seis meses após a segunda dose”. Os efeitos colaterais foram consistentes com os resultados relatados anteriormente, como dor no local da injeção e dor de cabeça. “Esses dados confirmam a eficácia favorável e o perfil de segurança de nossa vacina”, disse Albert Bourla, presidente da Pfizer. “A alta eficácia da vacina observada em até seis meses após uma segunda dose e contra a variante prevalente na África do Sul fornece mais confiança na eficácia geral da nossa vacina.”
Os dados, ainda não publicados em uma revista científica revisada por pares, devem ser interpretados com cautela, alerta Penny Ward, professora da Faculdade de Medicina Farmacêutica do Kings College Londres. “Embora seja encorajador que nenhum caso clinicamente sintomático de infecção tenha sido detectado na fração de indivíduos vacinados na África do Sul, a informação apresentada é insuficiente para julgar o nível de eficácia clínica contra essa cepa com qualquer precisão nessa fase”, diz. O número de pessoas que adoeceram — nove — é pequeno demais para permitir uma comparação robusta, alega. “Nesse ínterim, é importante enfatizar que a melhor vacina é aquela disponível imediatamente, todas as quais foram comprovadas para prevenir doenças, hospitalização e morte resultantes da infecção pelas cepas atualmente circulantes”, observa.
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