ESTUDO

Amamentação pode ajudar a prevenir covid-19 em bebês, mostra estudo da USP

O objetivo da revisão foi investigar por que as crianças são menos acometidas pelo SARS-CoV-2 e se a amamentação poderia ter um papel protetor contra o vírus

Os muitos benefícios do leite materno para a saúde dos bebês já são conhecidos pela ciência, entre eles: melhora da digestão, minimização das cólicas, redução do risco de doenças alérgicas, melhora do desenvolvimento físico e cognitivo e, um dos mais importantes, proteção contra doenças diversas. Com a pandemia, a amamentação se tornou mais uma aliada na prevenção do covid-19 aos pequenos.

Uma revisão de mais de 100 estudos feita por pesquisadoras do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), e publicada no Physiological Reports, mostra que o leite materno pode fornecer anticorpos para os recém-nascidos, além de proteger contra distúrbios gastrointestinais associados à covid-19.

O objetivo da revisão foi investigar por que as crianças são menos acometidas pelo SARS-CoV-2 e se a amamentação poderia ter um papel protetor contra o vírus.

As pesquisas mostraram que mães que se recuperaram da covid-19, e estavam em fase de amamentação, apresentavam anticorpos IgA no leite. "A literatura mostra que os níveis de IgA são mantidos até sete meses após o início da amamentação", afirma a professora coordenadora do estudo, Patrícia Gama. Assim, ao serem transferidos para o bebê, esses anticorpos poderiam prevenir a infecção por SARS-CoV-2 ou ao menos reduzir a severidade dos sintomas.

Foi verificado ainda que as moléculas presentes no leite, como a lactoferrina, têm potencial antiviral contra o SARS-CoV-1, responsável pela epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave em 2003.

Vacina

Uma pesquisa israelense recente também apontou que mulheres lactantes, que receberam a vacina contra covid-19, desenvolveram anticorpos no leite materno, sugerindo um potencial efeito protetor contra infecção em bebês.

O estudo encontrou secreção robusta de anticorpos IgA e IgG específicos para SARS-CoV-2 no leite materno, seis semanas após a vacinação. Todos os participantes receberam duas doses da vacina Pfizer-BioNTech, com 21 dias de intervalo.