O câncer epitelial de ovário é o sexto tumor mais frequente e a quinta causa de morte por câncer, em mulheres, nos Estados Unidos. A média de idade ao diagnóstico é 63 anos e 70% das pacientes são diagnosticadas já em estádio avançado. Para debater o assunto, convido o doutor Warne Pedro de Andrade, médico oncologista do grupo Oncoclínicas.
Segundo o GLOBOCAN, foram estimados para 2018 aproximadamente 18,1 milhões de novos casos e 9,6 milhões de mortes por câncer em todo mundo. São estimados, para o ano 2030, 20 milhões de casos e 13 milhões de mortes, indicando um acentuado aumento, tanto em número de novos casos, quanto em mortalidade provocada pelo câncer.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o Brasil, no biênio 2020-2021, aponta a ocorrência de cerca de 625 mil casos novos de câncer.
O câncer de ovário normalmente é uma doença silenciosa e é considerado o câncer ginecológico mais difícil de ser diagnosticado. Os sintomas geralmente aparecem quando a doença já está avançada. Os sintomas mais comuns incluem: inchaço ou aumento abdominal, dor pélvica ou abdominal, constipação, dificuldade na alimentação ou sensação de plenitude. É importante ressaltar que estes sintomas são também causados por outras condições clínicas. Entretanto, caso persistam por mais de algumas semanas, recomenda-se procurar seu médico ginecologista para uma avaliação.
Infelizmente não é recomendado rastreamento precoce como acontece em casos de câncer de mama. O rastreamento por meio do exame de ultrassom ou da dosagem do marcador tumoral Ca 125 não mostrou reduzir a mortalidade associada à doença. Contudo, quando há história de câncer de mama na família, história familiar de câncer e mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2, é de extrema importância avaliação ginecológica e um controle mais de perto pelo seu médico.
Os fatores de risco associados ao câncer de ovário são: idade (ocorre geralmente após a menopausa - 50% dos casos são de mulheres acima de 60 anos de idade), consumo abusivo de bebidas alcoólicas, tabagismo, ter filhos acima de 35 anos, tratamento para fertilidade, obesidade, reposição hormonal na menopausa com uso de estrogênio isolado por mais 5 anos, história familiar de câncer de mama, ovário e câncer de intestino, e histórico pessoal de câncer de mama.
O tratamento desta patologia é feito após o diagnóstico histopatológico, geralmente uma biópsia realizada por videolaparoscopia. Após o diagnóstico, a paciente é referenciada para um ginecologista oncológico para realização da cirurgia. Em seguida, a paciente iniciará, em alguns casos, o tratamento quimioterápico adjuvante.
Vale ressaltar que novos medicamentos estão sendo produzidos para o tratamento desta doença. O entendimento das alterações genéticas relacionadas ao tumor tem implicado em descobertas de novas drogas que inibem enzimas específicas relacionadas a divisão celular e crescimento tumoral, impactando diretamente na sobrevida destas pacientes e aumentando as chances de cura da doença.
O mês de maio é um marco em todo o mundo na luta contra o câncer de ovário, assim como o mês de outubro se tornou um marco na luta contra o câncer de mama. Então, neste mês maio, que todas mulheres possam se conscientizar sobre a existência deste tipo de câncer, conversar sobre os riscos com seu médico, entender sobre os riscos genéticos associados a algumas mutações em genes como BRCA 1 e 2, instituir hábitos saudáveis que possam diminuir risco de câncer de ovário e também tomarem consciência de novos tratamentos disponíveis.
Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva para mim: carolinavieiraoncologista@gmail.com
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