COVID-19

Covid-19: estudo indica que vacinas geram reação menor às cepas indianas

A equipe de cientistas mostrou que as variantes identificadas na Índia podem se agarrar mais firmemente ao receptor das células humanas

Correio Braziliense
postado em 18/05/2021 06:00 / atualizado em 18/05/2021 07:22
Estudo analisou efeitos dos imunizantes da Pfizer e da Moderna, os mais aplicados nos EUA  -  (crédito: Joseph Prezioso/AFP)
Estudo analisou efeitos dos imunizantes da Pfizer e da Moderna, os mais aplicados nos EUA - (crédito: Joseph Prezioso/AFP)

Um estudo preliminar conduzido por pesquisadores da NYU Grossman School of Medicine e do NYU Langone Center, ambos nos Estados Unidos, sinaliza que as vacinas da covid-19 desenvolvidas pela Pfizer e pela Moderna não produzem a mesma reação imunológica diante das cepas do coronavírus identificadas pela primeira vez na Índia. Os imunizantes, porém, seguem sendo eficazes contra essa mutação do Sars-CoV-2.

“O que descobrimos é que os anticorpos da vacina são ligeiramente mais fracos contra as variantes, mas não o suficiente para pensar que afetam a proteção das vacinas (…) Em outras palavras, agora, muitos dos anticorpos não funcionam mais contra as variantes, mas ainda existem muitos outros que funcionam”, afirma Nathaniel Landau, um dos autores do estudo, à agência France-Presse de notícias (AFP).

A equipe de investigadores coletou amostras de sangue de pessoas que receberam doses de qualquer um dos fármacos protetivos — as fórmulas são as predominantes no país, com mais de 150 milhões de administração. As amostras foram, então, expostas em laboratório a partículas de pseudovírus manipuladas na área do “pico” do Sars-CoV-2. Elas também continham mutações das variantes B.1.617 ou B.1.618, encontradas pela primeira vez na Índia.

Nas partículas manipuladas, havia uma enzima chamada luciferase, cuja luminosidade permitiu aos cientistas determinar quantas células foram infectadas pela nova cepa. Em geral, para a variante B.1.617, a quantidade de anticorpos neutralizantes, proteínas geradas pelo sistema imunológico para evitar a invasão das células humanas pelo Sars-CoV-2, foi reduzida quatro vezes. Para a variante B.1.618, a redução foi de aproximadamente três vezes.

Os níveis gerais protetivos, por outro lado, permanecem bem acima dos encontrados em amostras retiradas de pessoas que se recuperaram da infecção original do vírus. “Isso é o suficiente para acreditar que as vacinas serão altamente protetoras”, garante Nathaniel Landau, da NYU Grossman School of Medicine.

Receptor

Em células humanas, o coronavírus tem como alvo um receptor específico, o ACE2, usado para forçar a sua entrada.

A equipe de cientistas mostrou que as variantes identificadas na Índia podem se agarrar mais firmemente a esse receptor, assim como outras variantes já detectadas. O fenômeno pode explicar ainda a maior transmissibilidade dessas cepas, em comparação com o vírus original.

A equipe reforça que os resultados dão “a certeza de que as vacinas atuais protegem contra as variantes identificadas até agora”. Mas Landau enfatiza que a situação atual não exclui o surgimento de novas variantes mais resistentes. Além disso, o tipo de pesquisa conduzida, apenas em laboratório, não pode prever a eficácia no mundo real. O estudo ainda não foi revisado e publicado por uma revista especializada.

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